CORREÇÃO DE DESEQUILÍBRIO DORSO-PLANTAR EM CASCOS DE EQUINO DA RAÇA BRASILEIRO DE HIPISMO - RELATO DE CASO

  • Letícia Lorraine Vilela de Oliveira PUC Minas
  • Ana Luisa Lara Vieira
  • João Gabriel Souza Carvalho
  • Ana Clara Martins Silva
  • Brenda Guerra Almeida
  • Estevão Nogueira Alves
  • Maria Eduarda Gomes Silva
  • Ricksson Felix da Conceição
  • Viviana Feliciana Xavier
  • Cahuê Francisco Rosa Paz
Palavras-chave: Bull nose, Desbalanceamento, Sobre-si, Postura, Duplo elíptico

Resumo

INTRODUÇÃO: Em relação ao tema de ferrageamento dos membros posteriores dos equinos, há poucos estudos publicados. De acordo com O'Grady et. al (2018), a escassez de informações validadas sobre o assunto, pode ter contribuído para alterações na conformação dos cascos, como o chamado "Bullnose". O'Grady et. al (2018) ainda relatam que esse formato dos cascos se tornou tão comum que muitas vezes é considerado normal. O “Bullnose” é causado por uma angulação plantar negativa da terceira falange, fazendo com que o estojo córneo se deforme com uma projeção convexa na parede do casco. A angulação negativa da terceira falange está associada com uma postura anormal do animal denominada sobre-si, em que os membros posteriores ficam dorsais a uma reta vertical traçada da tuberosidade isquiática ao solo (Sharp et. al., 2022). O estudo de Mansmann (2010) verificou que posturas de compensação como essas podem causar dores nos músculos da região do glúteo dos equinos e causar queda de desempenho. Segundo O'Grady (2018) o diagnóstico clínico do "Bullnose" inclui a observação de várias características, como bulbos dos talões projetados distalmente, anéis de crescimento irregulares abaixo da coroa do casco, ranilha grande e concavidade na sola imediatamente após a ranilha e uma forma convexa da parede do casco. O objetivo deste trabalho é relatar o tratamento de “Bull Nose” em uma égua da raça brasileiro de hipismo. MATERIAL E MÉTODOS: Um paciente equino, fêmea, com 5 anos de idade, da raça Brasileiro de Hipismo, foi atendida pela equipe Equine Orthopedic/MG. De acordo com o proprietário, o animal apresentava perda de desempenho no esporte. Após análise clínica foi observado uma resposta à dor após palpação na região dos glúteos. Além disso, na avaliação da postura o animal apresentava um comportamento anormal de compensação e uma alteração de conformação dos cascos posteriores mantendo os membros posteriores sobre-si (Figura 1). Após o exame radiográfico na posição látero-medial, verificou-se que a terceira falange possuía um ângulo plantar negativo compatível com os achados clínicos e confirmou-se a presença de “Bull Nose”. O animal foi casqueado e ferrageado para promover o balanceamento dos cascos. O casqueamento e ferrageamento dos membros anteriores foi realizado de forma tradicional, contudo, nos membros posteriores visou-se retirar mais sola na região da pinça em relação ao talão. Desta forma pôde-se reduzir a angulação presente na terceira falange. Além disso, a fim de promover um rearranjo da pressão que atuava sobre os talões, direcionando-a para o centro da articulação interfalangeana distal, utilizou-se uma ferradura duplo elipse e uma camada de silicone como um suporte para a região plantar do casco (Figura 2). RESULTADOS e DISCUSSÃO: A prevalência desta anormalidade conformacional esta cada dia mais presente na rotina de médico veterinários que atuam em medicina esportiva equina. Neste contexto, a manutenção e alinhamento do correto casqueamento dos membros posteriores, possibilita que o equino exerça sua função de maneira saudável, sem sentir sensibilidade dolorosa, preservando a capacidade muscúlo-esquelética (Sharp et. al., 2022). O paciente do presente relato, foi reavaliado em 30 dias, e pode-se observar um paralelismo do membro e também no alinhamento em relação a falange e estojo córneo. O tratamento ortopédico proposto neste relato, mostrou efetivo e possibilitou que fosse alcançado um resultado mais precoce, em relação a técnica sugerida por O`Grady et. al. (2018). Foram aplicados princípios biomecânicos semelhantes, com base na elevação dos talões e suporte plantar. Contudo a ferradura em duplo elipse possibilitou uma atenuação e centralização do centro de pressão do casco. Tal característica biomecânica, permitiu antecipar o direcionamento do estojo córneo, favorecendo o resultado precoce. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A avaliação clínica e a utilização de técnicas de diagnóstico por imagem, foram fundamentais para se chegar a um diagnóstico adequado. A utilização da ferradura duplo elipse é uma técnica que pode ser bastante eficaz para reduzir a pressão sobre os talões e minimizar o impacto sobre as articulações distais do membro posterior equino, o que pode contribuir para melhorar o desempenho do animal e prevenir possíveis lesões. A intervenção terapêutica realizada neste caso foi adequada e eficaz. 

 

Figura 1: Comparação entre a postura dos membros posteriores, antes e depois do tratamento.

Fonte: Arquivo pessoal.

 

Figura 2: Utilização da ferradura duplo elipse.

Fonte: Arquivo pessoal.

 

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Publicado
23-07-2024
Como Citar
Vilela de Oliveira, L. L., Lara Vieira, A. L., Souza Carvalho, J. G., Martins Silva, A. C., Almeida, B. G., Nogueira Alves, E., Gomes Silva, M. E., Felix da Conceição, R., Feliciana Xavier, V., & Rosa Paz, C. F. (2024). CORREÇÃO DE DESEQUILÍBRIO DORSO-PLANTAR EM CASCOS DE EQUINO DA RAÇA BRASILEIRO DE HIPISMO - RELATO DE CASO. Sinapse Múltipla, 13(1), 82-85. Recuperado de https://periodicos.pucminas.br/index.php/sinapsemultipla/article/view/33192