Doação Neutra

Uma releitura do instituto privatístico sob a perspectiva da autonomia existencial

  • Alexandra Clara Ferreira Faria
Palavras-chave: Doação neutra, Autonomia existencial, Negócio jurídico existencial

Resumo

O artigo pretende refletir a utilização do instituto privatistico da Doação na esfera de direitos existenciais, analisando a autonomia privada sob a perpectiva da autonomia existencial. Logo, será abordado as caracteristicas patrimonialistas desse instituto e a sua releitura para utilização quanto a titularidade do material biológico humano em biobancos brasileiros. Neste contexto, serão abordadas questões relativas à autonomia existencial quanto ao exercicio do direito ao corpo, da liberalidade do consentimento e a sua disposição mediante um negócio jurídico existencial, culminando, assim, numa concepção da doação neutra que disciplinará os requisitos do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALVES, Cleber Francisco. O princípio constitucional da dignidade da pessoa humana: enfoque da doutrina social da igreja. Princípio constitucional da dignidade da pessoa humana. Rio de Janeiro: Renovar, 2001.

AMARAL, Francisco. Direito civil: introdução. 7. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2002.

ARASSE, Daniel. A carne, a graça, o sublime. In: CORBIN, Alain; COURTINE, Jean- Jacques; VIGARELLO, Georges. História do corpo: da renascença às luzes. 4. ed.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2010. v. 1, p. 535-620.

ASSOCIAÇÃO MÉDICA MUNDIAL. Declaração de Helsinque. Helsinque, jun. 1964. Disponível em: . Acesso em: 10 out. 2015.

AZEVEDO, Antônio Junqueira de. Negócio jurídico: existência, validade e eficácia. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2002.

BARCELLOS, Ana Paula. A eficácia jurídica dos princípios constitucionais: o princípio da dignidade da pessoa humana. Rio de Janeiro: Renovar, 2002.

BELTRÃO, Silvio Romero. Direitos da personalidade. São Paulo: Atlas, 2005.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 de outubro de 1988. Diário Oficial da União, Brasília, 05 out. 1988. Disponível em: . Acesso em: 10 mai. 2016.

BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União, Brasília, 11 jan. 2002. Disponível em: . Acesso em: 10 mai. 2016.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.201, de 14 de setembro de 2011. Estabelece as Diretrizes Nacionais para Biorrepositório e Biobanco de Material Biológico Humano com Finalidade de Pesquisa. Diário Oficial União, Brasília, 15 set. 2011. Disponível em: . Acesso em: 10 mai. 2016.

BRETON, David Le. Adeus ao corpo. In: NOVAES, Adauto (Org.). O homem-máquina: a ciência manipula o corpo. São Paulo: Companhia das Letras, 2003. p. 123-137.

CAPELO DE SOUSA, Rabindranath Valentino Aleixo. O direito geral de personalidade. Coimbra: Coimbra Editora, 1995.

CORBIN, Alain. Introdução. In: CORBIN, Alain; COURTINE, Jean-Jacques; VIGARELLO, Georges. História do corpo. 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. v. 2: Da revolução à grande guerra, p. 7-10.

CORDEIRO, Antônio Manuel da Rocha e Menezes. Da boa-fé no direito civil. Coimbra:

Almedina, 2007.

COURTINE, Jean-Jacques. Introdução. In: CORBIN, Alain; COURTINE, Jean-Jacques; VIGARELLO, Georges. História do corpo. 3. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. v. 3: As mutações do olhar: o século XX, p. 7-12.

CRESPO, Jorge. A história do corpo. Rio de Janeiro: DIFEL, 1990.

CUPIS, Adriano de. Os direitos da personalidade. Campinas, SP: Romana Jurídica, 2004.

DEPADT-SEBAG, Valérie. Direito e bioética. Lisboa: Edições Piaget, 2012.

FACHIN, Luiz Edson. Estatuto jurídico do patrimônio mínimo: à luz do novo Código Civil e da Constituição Federal. 2. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2006.

FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direito civil: teoria geral. 9. ed. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2011.

FIÚZA, César. Direito civil: curso completo. 17. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2014. GÊNESIS. In: Bíblia sagrada. 28. ed. São Paulo: Ave-Maria, 2000.
GOMES, Orlando. Introdução ao direito civil. 19. ed. rev., atual. e aum., de acordo com o Código Civil de 2002, por Edvaldo Brito e Reginalda Paranhos de Brito. Rio de Janeiro: Forense, 2008.

GOZZO, Débora; LIGIERA, Wilson Ricardo (Org.). Bioética e direitos fundamentais. São Paulo: Saraiva, 2012a.

GOZZO, Débora; LIGIERA, Wilson Ricardo. O consentimento informado como direito de personalidade. In: GOZZO, Débora; LIGIERA, Wilson Ricardo (Org.). Bioética e direitos fundamentais. São Paulo: Saraiva, 2012b. p. 93-113.

JONAS, Hans. El principio de responsabilidade: ensayo de uma ética para la civilización tecnológica. Barcelona: Editorial Herder, 1995.

JONAS, Hans. O principio da vida: fundamentos para uma biologia filosófica. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004.
KANT, Immanuel. Crítica da razão prática. São Paulo: Martin Claret, 2003a. KECK, Frédéric; RABINOW, Paul. Invenção e representação do corpo genético. In:
CORBIN, Alain; COURTINE, Jean-Jacques; VIGARELLO, Georges. História do corpo. 3.
ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. v. 3: As mutações do olhar: o século XX, p. 83-105.

LOCH, Jussara de Azambuja; SOUZA, Paulo Vinicius Sporleder de. Bioética na atualidade. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2014.

LOPES, Miguel Maria de Serpa. O silêncio como manifestação da vontade. São Paulo: Livraria Freitas Bastos, 1961.

MARTINS-COSTA, Judith; FERNANDES, Márcia Santana. Os biobancos e a doação de material biológico humano: um ensaio de qualificação jurídica. In: GOZZO, Débora; LIGIERA, Wilson Ricardo (Org.). Bioética e direitos fundamentais. São Paulo: Saraiva, 2012. p. 223-259.

MEIRELLES, Jussara Maria Leal de. Proteção jurídica do embrião. In: TEIXEIRA, Ana Carolina Brochado; RIBEIRO, Gustavo Pereira Leite (Coord.). Manual de teoria geral do direito civil. Belo Horizonte: Del Rey, 2011. p. 215-228.

MELLO, Marcos Bernardes de. Teoria do fato jurídico: plano da existência. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

MOULIN, Anne Marie. O corpo diante da medicina. In: CORBIN, Alain; COURTINE, Jean- Jacques; VIGARELLO, Georges. História do corpo. 3. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. v. 3: As mutações do olhar: o século XX, p. 15-82.

NOVAES, Adauto. A ciência no corpo. In: NOVAES, Adauto. O homem-máquina: a ciência manipula o corpo. São Paulo: Companhia das Letras, 2003. p. 07-14.

PICO DELLA MIRANDOLA, Giovanni. A dignidade do homem. Tradução Luiz Feracine. São Paulo: Escala, 2008.

RODOTÀ, Stefano. La vida y las reglas: entre el derecho y el no derecho. Madrid: Editorial Trotta, 2010.

RODRIGUES JÚNIOR, Otávio Luiz. Autonomia da vontade, autonomia privada e autodeterminação – Notas sobre a evolução de um conceito na Modernidade e na Pós modernidade. Revista de Informação Legislativa. v.41, nº 163, p.113-130 – jul/set, 2004

SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais na constituição de 1988. 4. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2006.

SÉGUIN, Elida. Biodireito. 3. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2001.

SZANIAWSKI, Elimar. Direitos de personalidade e sua tutela. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005.

TEIXEIRA, Ana Carolina Brochado. Saúde, corpo e autonomia privada. Rio de Janeiro: Renovar, 2010.

TEIXEIRA, Ana Carolina Brochado; RIBEIRO, Gustavo Pereira Leite (Coord.). Manual de teoria geral do direito civil. Belo Horizonte: Del Rey, 2011.

TEIXEIRA, Ana Carolina Brochado. Autonomia existencial. Revista Brasileira de Direito Civil – RBDCivil, v.06, p.75-104, abr/jun, 2018

VIGARELLO, Georges. Introdução. In: CORBIN, Alain; COURTINE, Jean-Jacques; VIGARELLO, Georges. História do corpo. 3. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. v. 1: Da renascença às luzes, p. 15-18.

VIVEIROS DE CASTRO, Thamis Dalsenter. A Função da Cláusula de Bons Costumes no Direito Civil e a Teoria Tríplice da Autonomia Privada Existencial. Revista Brasileira de Direito Civil – RBDCivil, v.04, p.99-125, out/dez, 2017.
Publicado
24-07-2020
Como Citar
FARIA, A. C. F. Doação Neutra. Virtuajus, v. 5, n. 8, p. 112-131, 24 jul. 2020.
Seção
Dossiê Ética, Direitos e Novo Humanismo