DO SIGNIFICADO AO SIGNIFICANTE:

a pré-escrita da criança como materiliadade nos experimentos de Luria

Resumo

O presente trabalho aborda processos de alfabetização a partir dos experimentos com crianças na fase da pré-escrita individual realizados pelo psicólogo A. Luria (2006). Pretende-se vislumbrar uma noção de alfabetização a partir desses experimentos, que poderá provocar a consciência alfabética da criança ou, nos termos de Luria, os estágios dessa pré-consciência ou pré- história da escrita da criança. Considerando que os professores/pais dos alunos anseiam que eles aprendam o “alfabeto”, espera-se que este trabalho evidencie os processos que antecipam a entrada formal da criança no sistema alfabético, destacando ainda a sua posição de sujeitos ao produzirem elas mesmas respostas que são expressão material de seu estágio frente à alfabetização. Com isso, a mediação pedagógica pode ser melhor guiada, pois, com frequência, alfabetizam-se as crianças como quem “informa”, sem problematizar as complexidades envolvidas dentro do processo. Trataremos ainda de abordagens alfabetizadoras que infantilizam as crianças e, nesse sentido, concorrem contra sua autonomia no processo, autonomia essa que contribuiria para o salto do significado ao significante. Nessa abordagem, a criança não é operadora de conhecimento, mas sim um componente passivo cujo professor se esforça em determinar. Objetivos: analisar o processo de recordação por meio de signos auxiliares para Luria, a fim de chegarmos a uma noção pedagógica de base material. Metodologia: neste estudo foi utilizada uma pesquisa de caráter bibliográfico e abordagem qualitativa do texto de Luria (2006), e ainda algumas considerações acerca da noção de alfabetização para Ferreiro (1985) e Soares (2020). Resultados e discussão: Evidencia-se que a produção de materialidade no processo de alfabetização é fundamental para que ele se dê de modo pleno. Considerações finais: percebeu-se que, apesar de alguns avanços da educação no Brasil, há muito que se considerar teórico-politicamente acerca da alfabetização, sobretudo a constituição da criança como sujeito e uma educação pública de qualidade.