Reforma Psiquiátrica: a prática de atividade física em grupo restaurando os laços com a realidade.

Resumo

Relata-se a experiência de um grupo inserido em uma Unidade de um Serviço Público de Saúde Mental (Campinas), que atende pacientes psicóticos e neuróticos graves. Propõe-se uma reflexão, a partir de vivências dos pacientes relativas à atividade grupal, sob um olhar psicanalítico, e notadamente, da perspectiva grupanalítica. Método: o grupo era aberto, heterogêneo e misto quanto ao gênero. Freqüência: uma vez por semana com duração de duas horas. A técnica utilizada compreendia: caminhada de ida e volta do Serviço à Praça de Esportes da comunidade, atividade esportiva coletiva e fechamento simbólico da sessão. Este último momento constituía-se num espaço para a reflexão, simbolização e elaboração da vivência do grupo. Resultados: através de experiências subjetivas individuais e coletivas, o grupo aponta que a atividade desenvolvida foi vista com algo que lega saúde. O grupo diz que a promoção do exercício, da ação, provoca uma mudança, uma ruptura no funcionamento psicótico. Sair da Unidade, ganhar as ruas, praticar um esporte em grupo em um espaço da comunidade, oportunizou o resgate da realidade, das relações com o mundo externo. Ao passo que, estar na Unidade remeteu a uma impossibilidade de movimento, a “doença”. A atividade grupal proposta, com todas as suas particularidades, surge como uma via de escape da “loucura”. 

Palavras-chave: Saúde Mental; Grupanálise; Atividade física.