POR QUE NÃO ESCUTAR AS MULHERES? O QUE ELAS TÊM A DIZER SOBRE SEUS ABORTOS?

Autores

  • Paula Land Curi Universidade Federal Fluminense

DOI:

https://doi.org/10.5752/P.2236-0603.2016v6n11p42

Palavras-chave:

Mulheres, Aborto, Políticas Públicas, Escuta clínica

Resumo

O aborto é um tema complexo que se apresenta como um fenômeno atravessado por inúmeras controvérsias, que tende a nos capturar, ensurdecer, assim como dificultar a proposição de políticas públicas para lidar com o problema. Assim sendo, este trabalho pretende discutir a questão do aborto em nosso país, ratificando que se trata de um problema de saúde pública e, por isso, demanda a implementação de políticas públicas mais específicas no campo da saúde sexual e reprodutiva das mulheres, capazes de proteger as mulheres de tornarem-se mais vulneráveis ao se submeterem ao aborto inseguro. Contudo, este também convoca a algumas reflexões para além daquelas que advém do campo político. Tenta dar lugar a alguns achados que se apresentaram, a partir da escuta clínica de mulheres em situação de abortamento. A clínica nos convocou a indagar porque essas mulheres não são escutadas para que elas nos digam o que têm a dizer sobre seus abortos. Ao dar-lhes voz, desloca-se das antigas versões proferidas sobre o aborto e evidencia-se que não é um processo que se dá sem conflitos, pois, as mulheres nos mostraram que se sentiam compelidas a se submeterem ao aborto, mesmo quando diziam que desejavam ser mães.

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Biografia do Autor

Paula Land Curi, Universidade Federal Fluminense

Doutora em Psicologia Clínica pela PUC-SP. Professora Adjunta do Instituto de Psicologia da Universidade Federal Fluminense, campus Niterói.

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Publicado

2016-11-17