A política por trás do som: uma análise do rap como narrativa política do movimento de resistência negro
Palavras-chave:
Cultura. Hip Hop. Narrativas. Política. Raça.Resumo
O presente artigo tem como ideia compreender uma parte da Cultura e Movimento do Hip Hop que outrora fora marginalizada e estigmatizada, trazendo, assim, um olhar especial aos jovens negros periféricos e a possibilidade de emanar as suas vozes e reconhecimento. O objetivo central do estudo trata-se da compreensão do rap como uma narrativa política que fortalece o movimento de resistência negro; essa narrativa se dá como uma contestação político-social, de fortalecimento da identidade do negro-descendente, que se serve como uma narrativa e expressão do movimento de resistência negro. Para essa compreensão, foi necessário o entendimento da figura do narrador, conforme a obra de Walter Benjamin, O Narrador (1985) e pesquisas bibliográficas, além da apresentação de algumas canções e poesias do rap para a discussão desejada, por meio de uma breve análise destas. Ademais, buscou-se evidenciar perspectivas teóricas que enfatizam a sociedade brasileira e a posição do negro dentro dela. Foi possível, assim, compreender o Movimento como um novo e ousado sujeito político na esfera cotidiana pública da periferia; e, os rappers (MCs) como narradores urbanos, cujas letras demonstram suas experiências na vida público-política, o cotidiano e outras formas de manifestação, incentivos e reivindicações. A arte do Movimento confere aos jovens as suas valorizações e da própria periferia, ao passo em que carrega a informação e o conhecimento na substituição da violência física pelo poder das palavras e ideias.
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