FEMININO GENÉRICO E LINGUAGEM NEUTRA:
escritas transgressoras em diálogo com o revisor
Palavras-chave:
Gramática Normativa; Gênero Gramatical; Dialogismo; Acabamento; Gêneros Discursivos.Resumo
Este ensaio trata da interlocução do profissional de revisão com textos de Debora Diniz, André Carvalhal e Eliane Brum, que propõem formas de expressão do gênero gramatical em dissonância com a gramática normativa do português, problematizando, desse modo, seu sistema prescritivo. Nesse sentido, toma como base as reflexões de Rodrigues (2015) sobre a necessidade de se considerar a dimensão textual-pragmática-discursiva do texto no trabalho de revisão. Desse modo, ganha destaque o conceito de dialogismo de Mikhail Bakhtin, a partir da obra Introdução ao pensamento de Bakhtin, de José Luiz Fiorin. A compreensão e o sentido do texto são pensados então como o resultado das relações de sentido que se estabelecem por meio da interação de um conjunto de vozes que o texto recupera, o que aponta para sua dimensão histórica. Destacam-se neste trabalho a voz do revisor, da gramática prescritiva, assim como dos discursos teóricos que refutam o sistema normativo de gêneros gramaticais – Borba e Lopes (2018), Caldas-Coulthard (2007) e Mäder (2015). São elas as vozes responsáveis pelo embate que resulta no(s) sentido(s) do texto. Estreitamente relacionados ao dialogismo, evidenciam-se os conceitos bakhtinianos de acabamento e de gêneros discursivos, que são também abordados.
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Referências
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