O ABSURDO NO CINEMA SURREALISTA
Palavras-chave:
Absurdo; Cinema; Surrealismo; Psicanálise; Albert Camus.Resumo
O filósofo Albert Camus desenvolveu o conceito de absurdo, isto é, um sentimento e razão inapreensíveis decorrentes do confronto entre o apelo por sentido do ser humano com o silêncio do mundo. Na época, algumas questões fundamentais da condição humana, como o nonsense e a morte, estavam em pauta, sobretudo, devido aos acontecimentos da Segunda Guerra Mundial. Ele enfatizou o caráter desolador e/ou constituinte que a morte, o nonsense, a inutilidade absoluta e a insaciável sede do desejo humano têm em nossas vidas. Esses temas também foram trabalhados em filmes com características vinculadas ao movimento surrealista. Nesse sentido, este artigo busca refletir sobre a maneira como tais filmes, em especial Um cão andaluz (1929) e Eraserhead (1977), dão voz às tramas do absurdo. Para isso, realizamos uma revisão bibliográfica dos principais autores e conceitos trabalhados. Ademais, recorremos a referências da área do cinema para produzir uma análise fílmica das produções escolhidas, o que possibilitou tomar os filmes em sua condição discursiva. Também partimos do pressuposto de que a positividade advinda do racionalismo técnico e científico ofusca a dimensão absurda da existência, de forma semelhante a como opera o recalque em nível individual. O psicanalista Sigmund Freud, comentando sobre a Primeira Guerra Mundial, argumentou que a grande angústia gerada por esse evento se devia justamente a sua dificuldade de ser assimilado pela cultura ocidental. Assim, buscamos entender, com a ajuda do referencial psicanalítico, como os dilemas anteriormente mencionados operam, a forma específica do surrealismo fazer cinema e a relevância disso tudo como contraste para (re)pensar concepções sociais e de sujeito, cujo alicerce se encontra nos ideais modernos do racionalismo, mas que ainda exercem influência na subjetividade contemporânea.
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