De Canudos a Bacurau (passando pela Providência)

o racismo como mito fundador do Brasil

Autores

  • Pablo Alves de Oliveira Doutor em Teoria do Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas). Bacharel em Direito e Mestre em Ciências Penais pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professor Adjunto da PUC Minas. Professor do Instituto de Educação Continuada da PUC Minas (Especialização).

DOI:

https://doi.org/10.5752/P.1678-3425.2025v10n19p85-98

Palavras-chave:

Racismo, Biopolítica, Necropolítica, Canudos, Favela, Bacurau, Identidade nacional

Resumo

O artigo propõe uma releitura da formação histórica brasileira, deslocando o foco das guerras e rupturas políticas para o racismo como elemento fundacional da nação. A partir de uma perspectiva interdisciplinar, discute-se a permanência de mitos conciliadores, como a democracia racial e o sertanejo forte, que mascaram a violência estrutural da sociedade brasileira. Analisa-se o contínuo histórico que conecta a escravização, o massacre de Canudos, a formação das favelas e o filme Bacurau, evidenciando como biopolítica (Foucault) e necropolítica (Mbembe) operam na produção de populações descartáveis. Ao aproximar Os sertões, de Euclides da Cunha, a graphic novel Morro da Favela, de André Diniz e o filme Bacurau, de Kléber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, busca-se revelar como o racismo opera como mito fundador do Brasil.

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Publicado

2025-10-23

Como Citar

OLIVEIRA, Pablo Alves de. De Canudos a Bacurau (passando pela Providência) : o racismo como mito fundador do Brasil. Virtuajus, Belo Horizonte, v. 10, n. 19, p. 85–98, 2025. DOI: 10.5752/P.1678-3425.2025v10n19p85-98. Disponível em: https://periodicos.pucminas.br/virtuajus/article/view/37008. Acesso em: 12 nov. 2025.

Edição

Seção

Dossiê Direitos Constitucionais e Soberania