Banditismo entre segurança e risco
subjetividade, tempo e violência frente à captura da democracia
DOI:
https://doi.org/10.5752/P.1678-3425.2025v10n19p144-155Palavras-chave:
Governamentalidade de exceção, Risco, Subjetividade moderna, Tempo-agoraResumo
O artigo analisa a captura do constitucionalismo democrático por dispositivos contemporâneos de exceção, materializados nas políticas de segurança e na administração de riscos nas sociedades neoliberais. Parte-se do diagnóstico de que o Estado Democrático de Direito, longe de assegurar a emancipação política e jurídica prometida pela modernidade, converte-se em instrumento de dominação e exclusão, perpetuando uma racionalidade colonial. O objetivo central consiste em compreender como a lógica do risco e da segurança - pilares da governamentalidade neoliberal - produzem subjetividades totalitárias e inviabilizam a construção de futuros abertos. As hipóteses teóricas sustentam que: I. A exceção tornou-se a estrutura da norma; II. O discurso dos direitos humanos atua como dispositivo de sequestro da vida; e III. A superação dessa racionalidade exige uma ruptura com o tempo linear da modernidade. Propõe-se a noção de tempo-agora como horizonte de reconstrução político-jurídica, capaz de instaurar uma governamentalidade transmoderna e pluriversal, orientada pela ética da libertação e pela ecologia integral. O artigo, assim, busca repensar a democracia e o direito para além dos limites da modernidade e da colonialidade, afirmando a justiça como gesto fundante e emancipador da vida.
Downloads
Referências
ADORNO, Theodor; HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Tradução Guido de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1985.
AGAMBEN, Giorgio. Estado de exceção. São Paulo: Boitempo, 2004.
AGAMBEN, Giorgio. Homo sacer: o poder soberano e a vida nua I. Tradução Henrique Burigo. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002.
ARCELO, Adalberto; GONTIJO, Lucas. Teoria crítica do direito: o discurso dos direitos humanos frente à biopolítica, à colonialidade e ao neoliberalismo. – São Paulo: Dialética, 2023.
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001.
BECK, Ulrich. Sociedade de risco: rumo a uma outra modernidade. – São Paulo: Editora 34, 2011.
BENJAMIN, Walter. O capitalismo como religião. – São Paulo: Boitempo, 2013.
BENJAMIN, Walter. O anjo da história. 2. ed. . – Belo Horizonte, 2022.
DE GIORGI, Raffaele. Derecho, futuro y riesgo. Othering: la construcción político-jurídica de um futuro que no puede comenzar (in:) ESPINOZA DE LOS MONTEIROS, Javier; DAGDUG
KALIFE, Alfredo. Derecho y política en la sociedade moderna, México: Derecho Global Editores, 2022.
DE GIORGI, Raffaele. Direito, democracia e risco: vínculos com o futuro. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 1998.
DE GIORGI, Raffaele. O direito na modernidade: futuro, risco e democracia, Curadoria de Lucas Gontijo, Ane Elisa Perez e Érica Zanardi, São Paulo: Editora Dialética, 2024.
DERRIDA, Jacques. Força de lei: o fundamento místico da autoridade. – São Paulo: Martins Fontes, 2007.
DI VIGGIANO, Pasquale Luigi. Democracia digital como uma diferença: novos direitos, novas exclusões, edição v. 24, n. 48 (2021) da Revista da Faculdade Mineira de Direito, pp. 64-78.
DUSSEL, Enrique. Transmodernidade e interculturalidade: interpretação a partir da filosofia da libertação. In: Revista Sociedade e Estado. V. 31. N. 1. Brasília/DF: Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília, 2016.
DUSSEL, Enrique. Política da libertação. História mundial e crítica. Passo Fundo: IFIBE, 2014.
FOUCAULT, Michel. Nascimento da biopolítica: curso no Collège de France (1978-1979). Tradução Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2008.
FOUCAULT, Michel. O governo de si e dos outros: curso no Collège de France (1982-1983). – São Paulo: Martins Fontes, 2010.
FOUCAULT, Michel. Segurança, território, população: curso dado no Collège de France (1977-1978). Tradução Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2008.
GIACOIA JUNIOR, Oswaldo. Violência e racionalidade jurídica: sobre a potência dos meios. Revista Brasileira de Estudos Políticos, 108, 243-292. 2014.
GROSSI, Paolo. Para além do subjetivismo jurídico moderno. – Curitiba: Juruá Editora, 2007.
MARCUSE, Herbert. El hombre unidimensional. – Barcelona: Ariel, 2009.
MATTEI, Clara. A ordem do capital: como economistas inventaram a austeridade e abriram caminho para o fascismo. – Chicago: University of Chicago Press, 2022.
MBEMBE, Achile. Necropolítica. N-1 edições, 2018.
MIGNOLO, Walter. A colonialidade de cabo a rabo: o hemisfério ocidental no horizonte conceitual da modernidade. In: LANDER, Edgardo (Org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latinoamericanas. Tradução de Júlio César Casarin Barroso Silva. Buenos Aires: CLACSO, 2005.
QUIJANO, Aníbal. Cuestiones y horizontes. De la dependência histórico-estructural a la colonialidad/descolonialidad del poder. Buenos Aires: CLACSO; Lima: Universidad Nacional Mayor de San Marcos, 2020.
SHIVA, Wandana. Monoculturas da mente: perspectivas da biodiversidade e da biotecnologia. – São Paulo: Gaia, 2003.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Lucas de Alvarenga Gontijo, Adalberto Antonio Batista Arcelo

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.

