A narrativa de guerra interna e repressão estatal
a estratégia da política do antagonismo e extrajudicialidade na Guerra de Canudos
DOI:
https://doi.org/10.5752/P.1678-3425.2025v10n19p248-261Palavras-chave:
República, Amigo-Inimigo, Razão de Estado, Guerra de CanudosResumo
A Guerra de Canudos foi um dos eventos mais trágicos e emblemáticos da história do Brasil independente. O conflito armado entre os seguidores de Antônio Conselheiro e as Forças do Estado se apresentou como a culminação bélica de uma série de graves questões políticas, socioeconômicas e religiosas presentes no final do Século XIX. O presente artigo buscará através do arcabouço teórico da “dicotomia amigo-inimigo” de Carl Schmitt e da “razão de Estado” de Michel Foucault investigar os acontecimentos históricos por trás do conflito, visando entender os elementos por trás da estratégia de repressão do regime republicano na guerra civil deflagrada no sertão baiano, e como esta levou a consequências humanas de extrema magnitude. Por meio de uma pesquisa qualitativa e adotando as premissas do método de abordagem hipotético-dedutivo, a metodologia foi estruturada em um diálogo com uma variedade de obras e artigos que tratam sobre a temática analisada, almejando a constituição de um exame crítico e construtivo, intencionando compreender a conexão entre a narrativa política, a atuação concreta do Estado e a particular lógica da ação estatal em um contexto de excepcionalidade, almejando igualmente destrinchar como esses fatores se fizeram presentes na conjuntura do conflito canudense.
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