PROGRESSO E HUMANISMO:

UMA CRÍTICA AO LIVRO HUMANIDADE

Autores

  • Antônio José Pereira Filho

DOI:

https://doi.org/10.5752/P.2177-6342.2023v1nesp1p24-39

Palavras-chave:

Filosofia da história, iluminismo, natureza humana, progresso

Resumo

Já faz algum tempo que o campo dos estudos culturais se empenha em combater filosofias da história que, de forma hipostasiada, desejem abarcar a totalidade da história humana vista como uma marcha única rumo a um futuro melhor. Diante das ruínas que nos cercam e das ameaças ao meio ambiente, por exemplo, é compreensível que se desconfie da marcha implacável do progresso. Afinal, pode-se perguntar: “ordem e progresso” para quem? Daí a desconfiança das promessas não cumpridas do ideal de emancipação iluminista, que tanta barbárie e imoralidade produziu ao pretender justificar, em nome do progresso, a necessidade da escravidão, enquanto a Europa saqueava riquezas em terras tidas como de ninguém. Ora, frente a essa perspectiva, em seu best seller, Humanidade uma história otimista do homem (2020), o historiador Rutger Bregman, revista alguns pensadores das luzes e enfrenta o desafio de provar que, apesar das sombras que nos cercam, a humanidade vale a pena. Neste artigo, pretendo mostrar, porém, que o otimismo de Bregman ignora uma visão mais complexa do próprio iluminismo, sendo atravessado por uma perspectiva eurocêntrica e antropocêntrica que trabalha com uma noção abstrata de “natureza humana”.

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Biografia do Autor

Antônio José Pereira Filho

Professor do Departamento de Filosofia da UFS. Email: proantonio_pereira@yahoo.com.br.

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Publicado

2023-11-25

Como Citar

Pereira Filho, A. J. . (2023). PROGRESSO E HUMANISMO: : UMA CRÍTICA AO LIVRO HUMANIDADE. Sapere Aude, 1(1), 24–39. https://doi.org/10.5752/P.2177-6342.2023v1nesp1p24-39

Edição

Seção

ARTIGOS/ARTICLES: DOSSIÊ/DOSSIER