PROGRESSO E HUMANISMO:
UMA CRÍTICA AO LIVRO HUMANIDADE
DOI:
https://doi.org/10.5752/P.2177-6342.2023v1nesp1p24-39Palavras-chave:
Filosofia da história, iluminismo, natureza humana, progressoResumo
Já faz algum tempo que o campo dos estudos culturais se empenha em combater filosofias da história que, de forma hipostasiada, desejem abarcar a totalidade da história humana vista como uma marcha única rumo a um futuro melhor. Diante das ruínas que nos cercam e das ameaças ao meio ambiente, por exemplo, é compreensível que se desconfie da marcha implacável do progresso. Afinal, pode-se perguntar: “ordem e progresso” para quem? Daí a desconfiança das promessas não cumpridas do ideal de emancipação iluminista, que tanta barbárie e imoralidade produziu ao pretender justificar, em nome do progresso, a necessidade da escravidão, enquanto a Europa saqueava riquezas em terras tidas como de ninguém. Ora, frente a essa perspectiva, em seu best seller, Humanidade uma história otimista do homem (2020), o historiador Rutger Bregman, revista alguns pensadores das luzes e enfrenta o desafio de provar que, apesar das sombras que nos cercam, a humanidade vale a pena. Neste artigo, pretendo mostrar, porém, que o otimismo de Bregman ignora uma visão mais complexa do próprio iluminismo, sendo atravessado por uma perspectiva eurocêntrica e antropocêntrica que trabalha com uma noção abstrata de “natureza humana”.
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