PIEDADE, OPINIÃO PÚBLICA E VONTADE GERAL EM ROUSSEAU:
NOTAS SOBRE A LEITURA DE HANNAH ARENDT
DOI:
https://doi.org/10.5752/P.2177-6342.2023v1nesp1p321-339Palavras-chave:
piedade, opinião pública, vontade geral, Revolução francesaResumo
O escopo da crítica de Hannah Arendt (1906-1975) à obra de Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) alcança os principais textos do pensador genebrino. Na falta de espaço para examinar e avaliar a crítica em toda a sua extensão, o artigo limita-se às críticas feita pela autora no livro Sobre a Revolução [1963] de que ao deslocar a piedade, que é absoluta, para a esfera pública ela se manifestou como terror revolucionário e no texto Que é liberdade [1968] de que ao excluir o processo de argumentação e persuasão do exercício da soberania esta se converteu numa forma de tirania. Com efeito, enfrenta-se dois problemas. Primeiro, em Rousseau a piedade é de fato absoluta como Arendt supôs? Segundo, o soberano reduziu de fato os cidadãos ao silêncio? A hipótese levantada é a de que em Rousseau a piedade não é absoluta pois a honra e a opinião pública estão acima dela, e os cidadãos não foram reduzidos ao silêncio durante o exercício da soberania porque todos os votos são contados e qualquer exclusão coloca a vontade particular no lugar da vontade geral.
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