Gramatologia e Semiologia: o pensamento de Jacques Derrida diante da linguística de Ferdinand de Saussure

Autores

  • Carlos Cardozo Coelho Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

Resumo

Este artigo tem dois eixos centrais. Num primeiro momento exporemos a reflexão proposta por Jacques Derrida no seu livro De la Grammatologie (1967), sobretudo no diálogo que este filósofo estabelece, a partir da formulação do quase-conceito escritura, com o estruturalismo linguístico, nomeadamente, com o genebrino Ferdinand de Saussure. Derrida, neste texto, critica Saussure, que, no seu entender, pensaria a escrita como uma mera representação da fala que nada acrescentaria a ela. Num segundo momento, partindo da distinção entre valor e significação (um signo, no interior de um sistema, não significa, mas vale, ou seja, ele apenas tem sua função quando é colocado em oposição a outras signos do mesmo sistema), mostraremos até que ponto a leitura que Derrida faz de Saussure faria justiça ao pensamento do linguísta genebrino. Segundo a nossa interpretação, o pensamento de Saussure já constituiria uma desconstrução daquela metafísica a qual Derrida nomeia como da presença, assim, a crítica que Derrida faz ao linguísta não seria completamente justa. Se levarmos em conta a distinção supracitada entre valor e significação, poderemos pensar a escritura não mais como representação da fala, mas como um sistema de signos que difere da própria fala.

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Biografia do Autor

Carlos Cardozo Coelho, Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

Mestre em Filosofia pelo PPGF-UFRJ e doutorando em Filosofia pela PUC-RIO

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Publicado

2013-06-20

Como Citar

Coelho, C. C. (2013). Gramatologia e Semiologia: o pensamento de Jacques Derrida diante da linguística de Ferdinand de Saussure. Sapere Aude, 4(7), 151–169. Recuperado de https://periodicos.pucminas.br/SapereAude/article/view/5444