A política do amor: (des)subjetivação dos corpos em Love, de Gaspar Noé
DOI:
https://doi.org/10.5752/P.2358-3231.2020n36p42-54Palavras-chave:
Subjetividade. Corpo. Biopolítica. Obscenidade.Resumo
Este artigo propõe uma leitura do filme Love, de Gaspar Noé, observando-se os movimentos de (des)subjetivação dos personagens, a partir da perspectiva do controle sobre a vida instaurada pela biopolítica. No decorrer de suas cenas, a produção cinematográfica em análise esvazia um possível subjetivismo que poderia ser sugerido pelo título, de forma que o amor é construído como uma relação puramente corporal. Essa dessubjetivação, mais que um aspecto temático, é incorporada à própria composição estética do filme, cujas fotografias e enquadramentos, ao promoverem a hiperexposição de cenas de sexo, operam uma fusão dos corpos que leva à dissolução dos indivíduos. Procura-se demonstrar, dessa maneira, que há nessa construção estética uma encenação da violência implícita nas relações sexuais e na própria ideia de amor, uma vez que ambos são codificados por discursos que pressupõem, em última análise, o controle da vida e da morte. Por fim, procura-se evidenciar que a produção de Gaspar Noé assume uma dimensão política quando, ao trazer para o palco a hiperexposição da obscenidade, promove uma reconfiguração do sensível que permite entrever possibilidades de reencontro entre o sujeito e o corpo.
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