História que se conta é história que se inventa: Agualusa, criador de Fradique Mendes

Autores

  • Paula Renata Moreira UFMG

Palavras-chave:

literaturas de língua portuguesa, linguística, filologia

Resumo

Este texto tem como objetivo a problematização do binômio
“história x ficção” no romance epistolar Nação crioula (1997),
do escritor angolano José Eduardo Agualusa. Na obra, ao
apropriar-se de Fradique Mendes, personagem criado pelo
grupo de intelectuais do Cenáculo, do qual faziam parte Eça de
Queiroz e Ramalho Ortigão, Agualusa redimensiona o estatuto
ficcional, ao emparelhar na mesma cena fatos e actantes de
origens discursivas diversas. Propositadamente, confunde
dados, personagens e lugares, imbricando real e ficção. Em
tal escolha, reside um provocante questionamento acerca da
possibilidade de acesso ao real, principalmente se pensarmos
a maneira com que o romance é construído. Se cartas,
muitas vezes, são tomadas como fontes históricas, a feitura
de um romance de maneira epistolar brinca com o estatuto
de verdade desse tipo de suporte, ao mesmo tempo em que
dialoga com a tradição literária portuguesa, que conheceu
Fradique Mendes por meio de uma dita publicação de suas
epístolas por Eça de Queiroz. Pretendemos, então, pensar
até que ponto, no romance, a dicção ficcional se interpõe,
adentra e se funde no modus operandi da narrativa histórica
e de que maneira essa inter-relação permite um diálogo, uma
requalificação ou mesmo uma mudança na forma como este
real nos é apresentado ou percebido.

Palavras-Chave: Agualusa; Ficção; História; Nação Crioula;
Romance angolano.

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Referências

AGUALUSA, José Eduardo. O vendedor de passados. Rio de Janeiro:

Gryphus, 2004.

AGUALUSA, José Eduardo. Nação Crioula: a correspondência secreta

de Fradique Mendes. Rio de Janeiro: Gryphus, 2008.

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-2010.. Disponível em: <http://ceh.ilch.uminho.pt/Pub_Francisco_

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Publicado

2010-12-03

Como Citar

Moreira, P. R. (2010). História que se conta é história que se inventa: Agualusa, criador de Fradique Mendes. Cadernos CESPUC De Pesquisa Série Ensaios, 2(20), 80–86. Recuperado de https://periodicos.pucminas.br/cadernoscespuc/article/view/7872