Sobre herança e singularidade: o complexo de Édipo e Don Juan
DOI:
https://doi.org/10.5752/P2358-3231.2016n28p128Palavras-chave:
Lei. Édipo. Herança. Singularidade. Fantasma.Resumo
Dando prosseguimento a um debate que desenvolve a temática do donjuanismo junto à leitura psicanalítica, propomos uma articulação entre textos da literatura e conceitos psicanalíticos freudianos, trazendo uma confrontação da teoria do complexo de Édipo e da peça de Don Juan (versão de Molière). O objetivo principal de nosso texto é tratar do tema da herança geracional a partir da filogênese e a teoria social freudianas, como mecanismos que tornam a lei edípica geral e inescapável. Don Juan aparece como contraponto à filiação familiar e cultural: modelo do sedutor que nega as determinações sociais ligadas aos imperativos de seu pai. Ele representa uma possibilidade de trazer à tona o debate sobre a constituição singular de uma trajetória de vida ligada à
realização de desejos relativamente a seus objetos de amor, motivo que nos leva a questionamentos sobre as noções de pertencimento, reconhecimento, transgressão e autonomia, além da ausência de culpa. É neste âmbito que faremos também um paralelo entre o mítico banquete encontrado em “Totem e tabu” e o jantar de morte de Don Juan com a estátua do Comendador, cujo fantasma levará o sedutor para o Além. Ultrapassando as especificidades que tais banquetes signifiquem em seus contextos, exporemos
como se trata de um fundo comum, a saber, da repetição da lei que se faz necessária por meio de uma espécie de “transcendência” do fantasma que determina as trajetórias singulares, repetição esta ligada à noção de pulsão de morte freudiana.
Palavras-chave: Lei. Édipo. Herança. Singularidade. Fantasma.
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