O Sol, a serpente e o leão: saúde e política nas dissertações acadêmicas de Luís Siqueira Gama (1724-1725)
DOI:
https://doi.org/10.5752/P.2237-8871.2019v20n33p11Palavras-chave:
História, Política, Sociedade, CulturaResumo
No âmbito da Academia Brasílica dos Esquecidos, sediada na cidade de Salvador entre 1724 e 1725, foi elaborada uma série de dissertações históricas, as quais deveriam subsidiar, com relatos sobre o Brasil, a escrita de uma história do Império Português e de seus domínios. Essas dissertações foram divididas - segundo o modelo clássico - em história política, eclesiástica, natural e militar. O bacharel em direito Luís Siqueira da Gama foi designado para a elaboração das dissertações acerca da história política do Brasil. No presente estudo, analisamos sua décima dissertação, "de um maravilhoso caso, e apótema célebre devidamente ponderado nas histórias do Brasil", problematizando as representações da monarquia em função de tópicas retóricas relativas ao corpo humano e à noção de saúde. O letrado desenvolveu sua argumentação a partir de cinco tópicas retóricas, valendo-se de textos e emblemas modernos, cotejados com escritos de pensadores antigos. Seu discurso, ao mesmo tempo em que louva a imagem do Vice-Rei Vasco Fernandes César de Menezes, aponta concepções filosóficas e políticas relevantes para a sua época, no que se estabelece uma relação entre as ideias de saúde individual e de saúde coletiva.
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