Proibido vender e comprar: o caso da remoção das feiras livres na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte
DOI:
https://doi.org/10.5752/P.2237-8871.2022v23n38p173-193Palavras-chave:
sociologia dos problemas públicos, Praça da Liberdade, feiras livres, espaço públicoResumo
O objetivo deste artigo é analisar como as feiras livres realizadas na Praça da Liberdade entre 1969 e 1991 passaram a ser vistas como um problema público, que demandou ação estatal de realocação desses eventos pela administração municipal de Belo Horizonte. Analiso como foram construídas narrativas a respeito das feiras-problema pelos agentes envolvidos: mídia, academia, poder público, feirantes e frequentadores. Utilizo como fontes de dados matérias jornalísticas e trabalhos acadêmicos e literários sobre Praça. A análise dos discursos sobre as feiras revela que elas foram condenadas como apropriação que depredava patrimônio natural e arquitetônico. A mídia teve papel principal na publicização do problema. Em suas construções argumentativas, mídia, poder público e intelectuais atuaram como empreendedores morais enquadrando o comércio das feiras e seus consumidores como uma apropriação inconciliável com espaços públicos de valor patrimonial e de poder como a Praça da Liberdade.
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