AGRONEGÓCIO E MERCADO DE TRABALHO NOS CERRADOS PIAUIENSES:

PRECARIZAÇÃO E SELETIVIDADE

Resumo

O cenário atual da economia brasileira indica o foco no agronegócio das commodities, sobretudo da soja, com foco no mercado externo, e o contexto de expansão desse modelo para novos territórios, como os Cerrados Piauienses a partir da década de 1990. Nesse sentido, esse recorte territorial foi inserido como nova fronteira agrícola do agronegócio, realidade já presenciada nos demais estados do MATOPIBA (região que contempla partes do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), repercutindo no aumento da produção agrícola e incremento do trabalho agropecuário, entretanto, com rebatimentos contraditórios sobre a classe trabalhadora. Portanto, o objetivo central do artigo é o de compreender as novas dinâmicas no mercado de trabalho na região dos Cerrados Piauienses a partir da reestruturação produtiva do agronegócio no âmbito regional, com ênfase nos processos de precarização e seletividade. A análise sobre o agronegócio implantando nos Cerrados Piauienses e as reconfigurações no âmbito do trabalho permite-nos apontar cenários de intensificação da exploração do trabalho, o incremento do trabalho agropecuário formal e informal na região, a seletividade e precarização dos novos postos de trabalho, em grande parte permeadas pelo poderio das tradings e redes agroindustriais. Identificou-se ainda a tendência de inserção da população local em postos de trabalho menos especializados, a rotulação dos trabalhadores piauienses, a resistência na inserção e presença dos trabalhadores locais em postos de trabalhos mais especializados.