O gênero e o papel feminino na perspectiva discursiva cristã medieval

Autores

  • Pablo Gatt Universidade Federal do Espírito Santo
  • Irlan de Sousa Cotrim Universidade Federal do Espírito Santo

Palavras-chave:

Relações de gênero, Feminino, Discurso, Pecado Original, Eva

Resumo

As investigações acerca das relações de gênero formam um campo de pesquisa que se dedica a estudar as formações de identidades e as representações simbólicas atribuídas aos corpos e papéis sociais masculinos e femininos. É um conceito próprio das Ciências Sociais, um campo epistemológico, uma ferramenta teórica de estudo, e que, por vezes, confundem com o fazer historiográfico da História das Mulheres. Nesse sentido, e por meio dessa ferramenta teórica, discutiremos como o discurso religioso cristão, baseado nas Sagradas Escrituras, justificou, no Medievo, como natural a passividade atribuída às mulheres ao atrelá-las à figura de Eva e ao estipular essa inatividade como característica intrínseca do feminino, anteriormente ao Pecado Original. Pela associação à imagem de Eva, como a responsável pelo primeiro pecado, culpada pela expulsão do Paraíso e pela corrupção da natureza humana, a mulher estivera imbuída por uma passividade natural, sendo o seu papel social relegado aos ditames do lar.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Pablo Gatt, Universidade Federal do Espírito Santo

Doutorando em História Medieval pelo Programa de Pós-Graduação em História Social das Relações Políticas da Universidade Federal do Espírito. Membro do Laboratório de Estudos Tardo Antigos e Medievais Ibéricos Sefaradis (Letamis). Bolsista Fapes.

Irlan de Sousa Cotrim, Universidade Federal do Espírito Santo

Doutorando em História pelo Programa de Pós-Graduação em História Social das Relações Políticas da Universidade Federal do Espírito Santo. Membro do grupo de pesquisa Limes – Fronteiras Interdisciplinares da Antiguidade e suas Representações. Bolsista Fapes.

Referências

FONTES PRIMÁRIAS
AMBROSIO DE MILÁN. El paraíso, Caín y Abel, Noé. Introducción, traducción y notas de Augustín López Kindler. Madrid: Ciudad Nueva, 2013.

ARISTÓTELES. Metafísica. Tradução de Giovanni Reale. São Paulo: Edições Loyola, 2001, v. II.

GRACIANO, M. Contribuições da psicologia contemporânea para a compreensão do papel da mulher. Cadernos de Pesquisa, n.15, p. 145-150, dez. 1975.

ISIDORE OF SEVILLE, St. Isidori Hispalensis Episcopi: Etymologiarum sive Originum libri xx. Ed. W. M. Lindsay, 2 v. Oxford: Clarendon Press, 1962.
TERTULLIEN. La toilette des femmes (De cultu feminarum). Introduction, texte critique, traduction et commentaire de Marie Turcan. Paris: Les Èditions du Cerf, 1971. (Sources Chrétiennes 173).

TOMÁS DE AQUINO. Summa Theologiae. 2. ed. Madrid: Biblioteca de Autores Cristianos, 2001.


BIBLIOGRAFIA

ANICETO, Bárbara Alexandre. As relações de gênero em Aristófanes: um estudo das esposas legítimas na sociedade ateniense (Sécs. V-IV a.C. Bárbara Alexandre Aniceto. – Franca [s.n.], 2017. Dissertação (Mestrado em História). Universidade Estadual Paulista, São Paulo.

BOURDIEU, P. A Dominação Masculina. Rio de Janeiro: Bertrand, 1999.

BURKE, P. O que é História Cultural? Rio de Janeiro: Zahar, 2005.

BUTLER, Judith. Problemas de gênero: Feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1990.

CHARAUDEAU, Patrick; MAINGUENEAU, Dominique. Dicionário de análise do discurso. São Paulo: Contexto, 2016.

CHARTIER, Roger. A História Cultural: entre práticas e representações. Portugal: Difel, 1998.

CHEVITARESE, André Leonardo; CORNELLI, Gabrielle. Judaísmo, Cristaníssimo, Helenismo: ensaios sobre interações culturais no Mediterrâneo Antigo. Itu: Ottoni Éditora, 2003.

FONSECA, Pedro Carlos Louzada. "Matéria" e "Forma" de Aristóteles e misoginia: disseminação na literatura Medieval. Revista Nós, v. 03, n. 03, p. 16-26, 2018.

FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. São Paulo: Edições Loyola, 1970.

FREITAS, Luã Áquila Ferreira de. As misoginias nas Medeias de Sêneca e de Eurípedes: representações. 2019. Dissertação (Mestrado em Letras), Universidade Federal de Goiás. Goiânia, 2019.

GATT, Pablo. As representações negativas acerca da figura feminina na antiguidade greco-romana e nos discursos dos cristianismos dos primeiros séculos e medieval. FACES DE CLIO, v. 6, p. 381-395, 2020.

GEERTZ, C. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1989.

GINZBURG, Carlo. Olhos de madeira: nove reflexões sobre a distância. Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

HALL, S.; WOODWARD, K. SILVA, T.T. Identidade e diferença. A perspectiva dos Estudos Culturais. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.

HARTOG, F. O Espelho de Heródoto: ensaio sobre a representação do outro. Tradução de Jacyntho L. Brandão. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1999.

HONG, Yan. Collaboration and Conflict: discourses of maternity in Hippocratic gynecology and embryology. In: PETERSEN, L. H. & SALZMAN-MITCHELL, P. (Org.) Mothering and Motherhood in ancient Greece and Rome. Austin: University of Texas Press, 2012.

LAQUEUR, T. Inventando o Sexo. Corpo e Gênero dos gregos a Freud. Rio de Janeiro:
Relume-Dumará, 2001.

LE GOFF, Jacques. O homem medieval. Porto: Imprensa Portuguesa, 1989.

LESSA, Fábio de Souza; SOUZA, Maria Angélica Rodrigues. A integração dos grupos de esposa na pólis. Politeia: História e Sociedade, vol. 09, n. 01, p. 199-212, 2009.

MAINGUENEAU, Dominique. Discurso e análise do discurso. São Paulo: Editora Parábola, 2015.

MARTINS, E. de F.; HOFFMANN, Z. Os papéis de gênero nos livros didáticos de Ciências. Revista Ensaio, v. 9, n. 1, p. 132-151, 2007.

NASCIMENTO, Jarbas Vargas. “O discurso teológico como discurso constituinte.” In: NASCIMENTO, Jarbas Vargas; FERREIRA, Anderson. Discursos Constituintes. São Paulo: Blucher Open Access, p. 34-59, 2020.

PADOVESE, Luigi. Introdução à teologia patrística. São Paulo: Edições Loyola, 1999.

SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação e Realidade, Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 71-99, 1995.

SILVA, Tânia Maria Gomes da. Trajetória da historiografia das mulheres no Brasil. Politeia. Vitória da Conquista, v. 8, n. 1, p. 223-231, 2008.

SOIHET, Rachel & Joana Maria Pedro: “A emergência da pesquisa da história das mulheres e das relações de gênero”. In: Revista Brasileira de História – Órgão Oficial da Associação Nacional de História. São Paulo: ANPUH, vol. 27, n°54, jul-dez, 2007.

SPARTI, S. C. M. Construindo a identidade masculina e feminina. Revista de estudos universitários. v. 21, n. 1. Sorocaba, p. 9-20, jun. 1995.

TILLY, Louise A. Gênero, História das Mulheres e História Social. In: Cadernos de Pagu: desacordos, desamores e diferenças. Campinas: PAGU/UNICAMP, 1994, v.3.

Downloads

Publicado

2022-06-22