O gênero e o papel feminino na perspectiva discursiva cristã medieval
Palavras-chave:
Relações de gênero, Feminino, Discurso, Pecado Original, EvaResumo
As investigações acerca das relações de gênero formam um campo de pesquisa que se dedica a estudar as formações de identidades e as representações simbólicas atribuídas aos corpos e papéis sociais masculinos e femininos. É um conceito próprio das Ciências Sociais, um campo epistemológico, uma ferramenta teórica de estudo, e que, por vezes, confundem com o fazer historiográfico da História das Mulheres. Nesse sentido, e por meio dessa ferramenta teórica, discutiremos como o discurso religioso cristão, baseado nas Sagradas Escrituras, justificou, no Medievo, como natural a passividade atribuída às mulheres ao atrelá-las à figura de Eva e ao estipular essa inatividade como característica intrínseca do feminino, anteriormente ao Pecado Original. Pela associação à imagem de Eva, como a responsável pelo primeiro pecado, culpada pela expulsão do Paraíso e pela corrupção da natureza humana, a mulher estivera imbuída por uma passividade natural, sendo o seu papel social relegado aos ditames do lar.
Downloads
Referências
AMBROSIO DE MILÁN. El paraíso, Caín y Abel, Noé. Introducción, traducción y notas de Augustín López Kindler. Madrid: Ciudad Nueva, 2013.
ARISTÓTELES. Metafísica. Tradução de Giovanni Reale. São Paulo: Edições Loyola, 2001, v. II.
GRACIANO, M. Contribuições da psicologia contemporânea para a compreensão do papel da mulher. Cadernos de Pesquisa, n.15, p. 145-150, dez. 1975.
ISIDORE OF SEVILLE, St. Isidori Hispalensis Episcopi: Etymologiarum sive Originum libri xx. Ed. W. M. Lindsay, 2 v. Oxford: Clarendon Press, 1962.
TERTULLIEN. La toilette des femmes (De cultu feminarum). Introduction, texte critique, traduction et commentaire de Marie Turcan. Paris: Les Èditions du Cerf, 1971. (Sources Chrétiennes 173).
TOMÁS DE AQUINO. Summa Theologiae. 2. ed. Madrid: Biblioteca de Autores Cristianos, 2001.
BIBLIOGRAFIA
ANICETO, Bárbara Alexandre. As relações de gênero em Aristófanes: um estudo das esposas legítimas na sociedade ateniense (Sécs. V-IV a.C. Bárbara Alexandre Aniceto. – Franca [s.n.], 2017. Dissertação (Mestrado em História). Universidade Estadual Paulista, São Paulo.
BOURDIEU, P. A Dominação Masculina. Rio de Janeiro: Bertrand, 1999.
BURKE, P. O que é História Cultural? Rio de Janeiro: Zahar, 2005.
BUTLER, Judith. Problemas de gênero: Feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1990.
CHARAUDEAU, Patrick; MAINGUENEAU, Dominique. Dicionário de análise do discurso. São Paulo: Contexto, 2016.
CHARTIER, Roger. A História Cultural: entre práticas e representações. Portugal: Difel, 1998.
CHEVITARESE, André Leonardo; CORNELLI, Gabrielle. Judaísmo, Cristaníssimo, Helenismo: ensaios sobre interações culturais no Mediterrâneo Antigo. Itu: Ottoni Éditora, 2003.
FONSECA, Pedro Carlos Louzada. "Matéria" e "Forma" de Aristóteles e misoginia: disseminação na literatura Medieval. Revista Nós, v. 03, n. 03, p. 16-26, 2018.
FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. São Paulo: Edições Loyola, 1970.
FREITAS, Luã Áquila Ferreira de. As misoginias nas Medeias de Sêneca e de Eurípedes: representações. 2019. Dissertação (Mestrado em Letras), Universidade Federal de Goiás. Goiânia, 2019.
GATT, Pablo. As representações negativas acerca da figura feminina na antiguidade greco-romana e nos discursos dos cristianismos dos primeiros séculos e medieval. FACES DE CLIO, v. 6, p. 381-395, 2020.
GEERTZ, C. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1989.
GINZBURG, Carlo. Olhos de madeira: nove reflexões sobre a distância. Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
HALL, S.; WOODWARD, K. SILVA, T.T. Identidade e diferença. A perspectiva dos Estudos Culturais. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.
HARTOG, F. O Espelho de Heródoto: ensaio sobre a representação do outro. Tradução de Jacyntho L. Brandão. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1999.
HONG, Yan. Collaboration and Conflict: discourses of maternity in Hippocratic gynecology and embryology. In: PETERSEN, L. H. & SALZMAN-MITCHELL, P. (Org.) Mothering and Motherhood in ancient Greece and Rome. Austin: University of Texas Press, 2012.
LAQUEUR, T. Inventando o Sexo. Corpo e Gênero dos gregos a Freud. Rio de Janeiro:
Relume-Dumará, 2001.
LE GOFF, Jacques. O homem medieval. Porto: Imprensa Portuguesa, 1989.
LESSA, Fábio de Souza; SOUZA, Maria Angélica Rodrigues. A integração dos grupos de esposa na pólis. Politeia: História e Sociedade, vol. 09, n. 01, p. 199-212, 2009.
MAINGUENEAU, Dominique. Discurso e análise do discurso. São Paulo: Editora Parábola, 2015.
MARTINS, E. de F.; HOFFMANN, Z. Os papéis de gênero nos livros didáticos de Ciências. Revista Ensaio, v. 9, n. 1, p. 132-151, 2007.
NASCIMENTO, Jarbas Vargas. “O discurso teológico como discurso constituinte.” In: NASCIMENTO, Jarbas Vargas; FERREIRA, Anderson. Discursos Constituintes. São Paulo: Blucher Open Access, p. 34-59, 2020.
PADOVESE, Luigi. Introdução à teologia patrística. São Paulo: Edições Loyola, 1999.
SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação e Realidade, Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 71-99, 1995.
SILVA, Tânia Maria Gomes da. Trajetória da historiografia das mulheres no Brasil. Politeia. Vitória da Conquista, v. 8, n. 1, p. 223-231, 2008.
SOIHET, Rachel & Joana Maria Pedro: “A emergência da pesquisa da história das mulheres e das relações de gênero”. In: Revista Brasileira de História – Órgão Oficial da Associação Nacional de História. São Paulo: ANPUH, vol. 27, n°54, jul-dez, 2007.
SPARTI, S. C. M. Construindo a identidade masculina e feminina. Revista de estudos universitários. v. 21, n. 1. Sorocaba, p. 9-20, jun. 1995.
TILLY, Louise A. Gênero, História das Mulheres e História Social. In: Cadernos de Pagu: desacordos, desamores e diferenças. Campinas: PAGU/UNICAMP, 1994, v.3.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License que permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).