ROSA CARAMELA E RAMI
a condição feminina encenada nas personagens de Mia Couto e Paulina Chiziane
Palavras-chave:
Trauma, Identidade, Mia Couto, Paulina ChizianeResumo
O presente artigo pretende, em um exercício comparativo, discutir a construção das personagens protagonistas do conto “A Rosa Caramela”, de Mia Couto, e o romance Niketche: uma história de poligamia, de Paulina Chiziane, considerando especialmente a condição feminina e o trauma proveniente do abandono das personagens, compreendendo esses aspectos em uma sociedade patriarcal e hibrida, em que convivem valores ligados à tradição e valores externos, especialmente em um contexto pós-colonial. Pretende-se demonstrar os processos de identificação vividos por Rami, seus encontros com outras mulheres e suas histórias e como isso contribuiu para modificar como ela enxergava a si, a sociedade, a tradição e a modernidade, assim como o convívio de Caramela com os estatuados e o papel dessa relação na vida da mulher segregada na comunidade. As construções das personagens em questão demonstram como as amarras do trauma e das noções dos papéis sociais atrelados ao feminino as mantiveram em um “estado de possessão”, condição vivenciada por sujeitos traumatizados, conforme posto por Caruth (1995), estudiosa elencada em Abreu (2016).
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