ROSA CARAMELA E RAMI

a condição feminina encenada nas personagens de Mia Couto e Paulina Chiziane

Autores

  • SARA ELIZABETH MARTINS FERREIRA SILVA PINTO Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Palavras-chave:

Trauma, Identidade, Mia Couto, Paulina Chiziane

Resumo

O presente artigo pretende, em um exercício comparativo, discutir a construção das personagens protagonistas do conto “A Rosa Caramela”, de Mia Couto, e o romance Niketche: uma história de poligamia, de Paulina Chiziane, considerando especialmente a condição feminina e o trauma proveniente do abandono das personagens, compreendendo esses aspectos em uma sociedade patriarcal e hibrida, em que convivem valores ligados à tradição e valores externos, especialmente em um contexto pós-colonial. Pretende-se demonstrar os processos de identificação vividos por Rami, seus encontros com outras mulheres e suas histórias e como isso contribuiu para modificar como ela enxergava a si, a sociedade, a tradição e a modernidade, assim como o convívio de Caramela com os estatuados e o papel dessa relação na vida da mulher segregada na comunidade. As construções das personagens em questão demonstram como as amarras do trauma e das noções dos papéis sociais atrelados ao feminino as mantiveram em um “estado de possessão”, condição vivenciada por sujeitos traumatizados, conforme posto por Caruth (1995), estudiosa elencada em Abreu (2016).

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Biografia do Autor

SARA ELIZABETH MARTINS FERREIRA SILVA PINTO, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Mestranda em Literaturas de Língua Portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), bolsista CNPq. Graduada em Letras e em História pela mesma instituição.

Referências

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Publicado

2024-07-31

Edição

Seção

Artigos dossiê temático