DE SANTIAGO A BRASÍLIA

As relações repressivas entre a ditadura brasileira e a chilena na Operação Condor

Resumo

O presente artigo busca dissertar sobre as relações políticas e diplomáticas estabelecidas durante a década de 1970 entre a ditadura civil-militar brasileira e a ditadura pinochetista chilena, como também a atuação dos dois países na rede repressiva transnacional da Operação Condor. As elites latino-americanas, setores burgueses e empresariais em conjunto com o imperialismo estadunidense pretendiam, entre os anos de 1960 e 1970, aniquilar quaisquer ideologias que estivessem alinhadas com as experiências socialistas, considerando os exemplos da Revolução Cubana e da Via Chilena ao Socialismo, de Salvador Allende. Nesse contexto, a ditadura brasileira se torna uma grande aliada desse processo contrarrevolucionário, interferindo diretamente no golpe militar chileno de 1973, auxiliando na consolidação da ditadura de Augusto Pinochet, por meio do fornecimento de informações e da atuação ativa na caça aos “subversivos”. Desta forma, através de uma revisão bibliográfica sobre a Operação Condor, uma pesquisa exploratória sobre os trabalhos existentes que tratam sobre a relação de ambos os países e uma análise de documentos primários, busca-se identificar pistas sobre as conexões e trocas de informações, como também as diferentes formas de colaboração e auxílio existentes. Assim, autores como Dinges (2005), Souza (2011), Harmer (2012) e Quadrat (2022) colaboram na construção e fundamentação deste artigo, possibilitando que esse panorama existente na América Latina seja mais bem compreendido, considerando as articulações feitas entre as ditaduras internacionalmente, as especificidades de cada país, e as maneiras de se impedir o avanço dos ideais socialistas na América Latina.