O CÃO E OS CALUANDAS E O MÉTODO CRÍTICO DE ANTONIO CANDIDO
Luanda entre a utopia e o socialismo pós-independência
Palavras-chave:
Literatura angolana, Pepetela, Método crítico, Macrossistema literário, Literatura engajadaResumo
A formação da literatura angolana, considerando a narrativa longa como recorte, ocorreu no século XX, após o território ter sido efetivamente colonizado por portugueses, que deslocaram dos lugares de poder, uma elite local beneficiada pela política colonialista. Nesse momento, quando os interesses lusitanos passaram a ser questionados, surge o romance, marcado pelo sentimento nacional em oposição ao discurso colonial. Adiante, entre a afirmação de formas estéticas próprias e o estabelecimento de um cânone nacional, estiveram a criação da Casa dos Estudantes de Angola na cidade de Lisboa, a guerra de libertação e a institucionalização da União dos Escritores Angolanos após a independência. Localizado no período pós-colonial, e parte de um conjunto de obras que promoveram discussões sobre uma identidade nacional, está o romance O Cão e os Caluandas (2019), de Pepetela, que será analisado neste artigo. A partir do método crítico, duas problemáticas serão objetos de atenção: (a) a identificação no texto do elemento estruturante presente nas literaturas africanas em língua portuguesa e a qualificação de aspectos que o correspondem na narrativa; (b) a possibilidade de adjetivação que esse elemento poderia assumir enquanto termo mediador na forma como foi assumido pelo texto. Para tanto, serão utilizadas, além de pesquisas já realizadas sobre a obra de Pepetela, formulações do método crítico de Antonio Candido (2006) e do macrossistema literário de Benjamin Abdala Jr. (1989) como suportes teóricos à leitura do texto literário.
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