ENQUADRAMENTO E VIOLÊNCIA

A redução política da vida

  • Thiago Teixeira Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Palavras-chave: Reconhecimento, Luto, Violência, Ontologia, Enquadramento

Resumo

As reflexões sobre o reconhecimento, de fato, promovem encontros éticos? Quais são as possibilidades de reconhecimento que se instalam no instante em que as normas impõem limites para a própria vida? Quais são as vidas que são passíveis de luto? A partir das teses de Judith Butler compreendemos, num esforço disruptivo, que a mera aparição do outro, sobretudo mediada por enunciações ideológicas que ampliam a precarização e a violência sobre essa vida anunciada como desprezível, não configura reconhecimento. Neste artigo discutimos a importância de recalibrar nossas perspectivas sobre o reconhecimento, tão confundido — em nome da perpetuação de sistemas de enquadramento restritivo e apequenamento dos corpos posicionados como vidas violáveis – com a apreensão, isto é, uma experiência de relação que compreende o outro às margens da humanidade, ao largo dos enquadramentos que designam quais vidas são legítimas e enlutáveis. Trata-se de uma análise ético-política que verifica as condições de reconhecimento à distância da fabricação espectral do outro que enviesa e justifica processos técnicos e sofisticados que se sustentam na potencialização da violência direcionada às vidas preanunciadas como massacráveis.

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Biografia do Autor

Thiago Teixeira, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Doutor em Ciências Sociais pela PUC Minas. Mestre em Filosofia pela FAJE. Professor do Departamento de Filosofia da PUC Minas. Professor do Instituto de Pesquisa em Psicanálise e relações de Gênero – IPPERG. E-mail: thiagoteixeiraf@gmail.com.

Referências

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Publicado
12-07-2024
Como Citar
Teixeira, T. (2024). ENQUADRAMENTO E VIOLÊNCIA. Sapere Aude, 15(29), 481-493. https://doi.org/10.5752/P.2177-6342.2024v15n29p481-493
Seção
ARTIGOS/ARTICLES: TEMÁTICA LIVRE/FREE SUBJECT