ENQUADRAMENTO E VIOLÊNCIA
A redução política da vida
Resumo
As reflexões sobre o reconhecimento, de fato, promovem encontros éticos? Quais são as possibilidades de reconhecimento que se instalam no instante em que as normas impõem limites para a própria vida? Quais são as vidas que são passíveis de luto? A partir das teses de Judith Butler compreendemos, num esforço disruptivo, que a mera aparição do outro, sobretudo mediada por enunciações ideológicas que ampliam a precarização e a violência sobre essa vida anunciada como desprezível, não configura reconhecimento. Neste artigo discutimos a importância de recalibrar nossas perspectivas sobre o reconhecimento, tão confundido — em nome da perpetuação de sistemas de enquadramento restritivo e apequenamento dos corpos posicionados como vidas violáveis – com a apreensão, isto é, uma experiência de relação que compreende o outro às margens da humanidade, ao largo dos enquadramentos que designam quais vidas são legítimas e enlutáveis. Trata-se de uma análise ético-política que verifica as condições de reconhecimento à distância da fabricação espectral do outro que enviesa e justifica processos técnicos e sofisticados que se sustentam na potencialização da violência direcionada às vidas preanunciadas como massacráveis.
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Referências
BUTLER, Judith. Quadros de guerra: quando a vida é passível de luto? Tradução de Sérgio Tadeu De Niemeyer Lamarão e Arnaldo Marques da Cunha. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2015.
BUTLER, Judith. Quem tem medo do gênero? Tradução de Heci Regina. São Paulo: Boitempo Editora, 2024.
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LOURO, Guacira. Um corpo estranho: ensaios sobre sexualidade e teoria queer. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2018.
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TEIXEIRA, Thiago. Políticas de Descontinuidade: ética e subversão. Salvador: Editora Devires, 2024.
TERMO DE DECLARAÇÃO:
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