A CIRCULARIDADE INACABADA DE PAULA TAVARES

  • Prisca Agustoni de A. Pereira PUC Minas
Palavras-chave: Identidade. Negociação. Cultura. Textualidade. Gênero.

Resumo

Nosso trabalho pretende analisar a mediação entre a herança da tradição oral e a necessidade de ruptura e de questionamento dessa mesma tradição, realizada pela angolana Paula Tavares através de uma poética que se serve de estranhamento como recurso para expressar a negociação cultural entre os dois universos com os quais a poetisa se relaciona: o africano e o europeu. De fato, acreditamos que existe uma tensão constante expressada em seus poemas no que diz respeito ao olhar da autora sobre "os ritos de passagem" que caracterizam a cultura angolana. Essa tensão, resultado de um parcial distanciamento crítico da autora em relação ao local da sua cultura - vale lembrar que ela é historiadora -, evidencia-se, principalmente no momento de relacionar-se com o universo feminino angolano, por meio da encenação no corpo, da linguagem de um desfraldar-se do corpo da mulher, tecendo, palavra após palavra, uma nova relação entre a mulher angolana e seu discurso, seu desejo e sua auto-representação.

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Publicado
11-05-2017
Como Citar
Pereira, P. A. de A. (2017). A CIRCULARIDADE INACABADA DE PAULA TAVARES. Cadernos CESPUC De Pesquisa Série Ensaios, (16), 73-96. Recuperado de https://periodicos.pucminas.br/index.php/cadernoscespuc/article/view/14766