A PSICOLOGIA DO ESPORTE E OS IMPACTOS DO RACISMO NA SUBJETIVIDADE DO JOGADOR DE FUTEBOL NEGRO
Palavras-chave:
Psicologia do Esporte, Racismo, Clínica ampliada às práticas do esporte, Futebol, Psicologia SocialResumo
A história do negro no Brasil e no mundo é marcada por episódios de lutas por reconhecimento, respeito e igualdade de direitos. As consequências dos 300 anos de escravidão no Brasil (1550-1888), atingiu diversas esferas do contexto social, fazendo com que o negro tenha até hoje dificuldades na ascensão social e econômica. Como temos visto ao longo dos anos sucessivos casos de racismo no esporte em todo o mundo, colocamos em xeque a ideia de que há uma democracia racial nesse campo, quando se alega que os atletas se projetam por causa de seus méritos e pelo próprio esforço. Como o futebol é o esporte que mais converge o sentimento de nacionalismo em nosso país, a presente pesquisa realizou uma revisão bibliográfica para investigar como o racismo estrutural afeta a subjetividade dos negros que trabalham com o futebol. Descobrimos que os negros encontram espaços como atletas, por causa de suas qualidades físicas, técnicas e táticas, mas que como árbitros, treinadores e gestores sua participação é mínima. A pesquisa revelou também que a própria Psicologia enquanto ciência e profissão demorou muito a se pronunciar sobre o racismo pois foi só em 2017 que o Centro de Referencias em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP) lançou uma cartilha sobre as relações étnico-raciais. Também as comissões de Psicologia do Esporte (PE) empreendidas pelos Conselhos Regionais de Psicologia, só conseguiram lançar uma “Revista Diálogos” em PE em 2018 e em 2019 uma cartilha sobre “Referências técnicas para atuação de psicólogas (os) em políticas públicas de esporte”. Entretanto nenhuma dessas publicações discutem a questão do racismo em especial. Além disso, observamos de acordo com Myotin (2018) que a maioria do conhecimento produzido em PE não advém das faculdades de psicologia e sim das escolas de educação física, que obviamente se dedicam aos estudos sobre a melhoria da performance dos atletas. Apresentamos políticas afirmativas que visam democratizar a participação de pessoas pretas no comando do Esporte e pensamos uma PE orientada eticamente para ser antirracista.
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