A “SUTILEZA” DA VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA E SUAS VÁRIAS IMPLICAÇÕES NA VIDA DAS MULHERES
Palavras-chave:
violência obstétrica, parto, profissionais da saúde, psicologia, violência de gêneroResumo
Ao final do século XIX, devido ao advento de tecnologias mais aprimoradas, houve a ressignificação do parto. Isso porque, se antes era realizado nas casas das gestantes, por parteiras, apenas com a presença de mulheres, agora, em sua maioria, é realizado por toda uma equipe médica, composta majoritariamente por homens, e em salas de hospitais já idealizadas para esse fim, mesmo estas sendo precárias (MUNIZ, 2012). Visando problematizar tal ressignificação, bem como os prejuízos trazidos por ela, sendo o principal deles a violência obstétrica (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017), buscamos, no presente artigo, explicitar as diversas formas de violência obstétrica, como, por exemplo, a violência de gênero (DINIZ, 2015) muito presente durante o processo do parto, e a suas implicações, bem como a importância do acompanhamento psicológico durante esse momento. Como metodologia utilizamos entrevistas semi-estruturadas, entrevistando, assim, 4 mulheres que foram vítimas de Violência Obstétrica e 4 profissionais da saúde, em sua maioria enfermeiras obstétricas, no intuito de entender também a visão dos profissionais da saúde acerca dessa temática. Pudemos concluir, a partir desse estudo, que a Violência Obstétrica, muitas vezes, aparece de maneira sutil, dificultando o combate desta, e por isso, falar sobre tal assunto torna-se imprescindível para evitá-la.
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