DESIGUALDADES SOCIOECONÔMICAS ENFRENTADAS POR MULHERES MIGRANTES E REFUGIADAS VENEZUELANAS NO BRASIL
Palavras-chave:
Migração, Gênero, Feminismo, Venezuela, BrasilResumo
A construção de políticas públicas e intersetoriais frente a questão migratória venezuelana no Brasil consiste em um contexto complexo e que demanda respostas em diferentes âmbitos, a fim de mitigar os danos produzidos pelo deslocamento forçado às pessoas que já se encontram em situações precárias e vulneráveis, sobretudo, considerando alguns grupos sociais que podem apresentar vulnerabilidades adicionais, como as mulheres. Em momentos de crise, as desigualdades de gênero tendem a se aprofundar e dificultar a vida das mulheres, reafirmando e estimulando estereótipos de gênero que limitam as estratégias de sobrevivência. Em relação ao contexto migratório, a partir das contribuições das teorias de gênero e dos feminismos, resgata-se a necessidade de interseccionar gênero e nacionalidade/territorialidade, a fim de visibilizar outras formas de exploração-opressão-dominação, que são vivenciadas por mulheres venezuelanas no Brasil. Dessa forma, compreende-se a categoria social da nacionalidade enquanto um marcador social importante na percepção e estruturação das desigualdades sociais, especialmente quando interseccionado com outras categorias sociais, como gênero, classe e raça etc. O presente trabalho tem como objetivo problematizar as dificuldades socioeconômicas enfrentadas por mulheres venezuelanas no Brasil em uma perspectiva feminista interseccional. Para tanto, através de levantamento bibliográfico e documental, são apresentadas considerações sobre mulheres em contexto migratório e as dificuldades de inclusão socioeconômica enfrentadas pelas venezuelanas no Brasil. Integrar a dimensão de gênero na avaliação de processos migratórios e políticas públicas envolvidas nesse contexto, possibilita a construção de estratégias que atendam às necessidades de grupos sociais específicos, como as mulheres, reconhecendo suas condições de exploração, opressão e dominação, atuando frente ao sofrimento ético-político e potencializando transformações sociais importantes no que se refere às relações de gênero historicamente construídas em nossa sociedade.
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