PANDEMIA E DIREITOS HUMANOS: REFLEXÕES SOBRE (AB)USOS DA METÁFORA DA GUERRA

Autores

  • Jacqueline de Oliveira Moreira
  • Carlos Roberto Drawin
  • Domingos Barroso da Costa
  • Ana Carolina Dias Silva

DOI:

https://doi.org/10.5752/P.1678-9563.2020v26n3p1080-1100

Palavras-chave:

Pandemia, Direitos humanos, Metáfora da guerra, Necropolítica

Resumo

Questionamo-nos se a vinculação da covid-19 ao significante “guerra” poderia
esvaziar a força legal da Declaração dos Direitos Humanos, atingindo-a em
seu pilar fundamental: a dignidade humana. Retomamos as considerações
de Clausewitz, para quem, não se constituindo como episódio inesperado,
a guerra consiste em continuação da política, para chegar a Foucault, que
desvela que as relações de poder produzem uma regulamentação da vida e
da morte, o que nos relança no campo de vulnerabilidade que a metáfora
bélica indica e oculta. No momento dramático da pandemia, a convocação
de todos para a guerra, a convocação solidária contra o inimigo comum,
embora justificável como medida de emergência e apelo necessário para
o isolamento social, também pode servir como anverso da necropolítica
(Mbembe, 2016), a morte visível produzida pelo vírus revestindo a morte
invisível dos excluídos e descartáveis, dos “matáveis” de sempre.

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Publicado

2021-10-22

Edição

Seção

Artigos / Articles / Artículos