Platão e Bowie: leituras sobre os corpos andróginos
Palavras-chave:
Androginia. Bowie. Corpos. Identidades. Platão.Resumo
Em O Banquete, Platão apresenta uma origem para os corpos andróginos. Segundo ele, haveria três gêneros/corpos: masculino, feminino e o andrógino, uma junção do masculino com o feminino. Para o filósofo grego, os corpos humanos teriam duas cabeças, quatro braços, quatro pernas e, assim em diante, uma vez que, para o ele, os corpos se formavam através de dois corpos de mesmo gênero. Porém, após uma punição divina – devido à rebeldia dos humanos contra os deuses –, os duplos corpos foram separados, causando uma nova individualidade. Já entre o fim dos anos 60 e começo dos 70 (século XX), vê-se o nascimento de várias tendências do Rock and Roll, do movimento hippie e seu sentimento de contracultura, e dos novos conceitos de moda; os quais, com roupas coloridas e de padrão “excêntrico”, deram base a novas formas de rebeldia entre os jovens. Nesse contexto, surge a figura ainda polêmica de David Bowie (1947-2016) que, criticando sua realidade e as tendências conservadoras – social e cientificamente – de sua época, trará juntamente com suas composições, um tanto psicodélicas, sucesso e principalmente, Ziggy Stardust, um alienígena estrela do rock e ainda, uma figura andrógina e bissexual. O objetivo desse trabalho, fundamentado através de pesquisas bibliográficas principalmente sobre a obra de Platão e a figura de David Bowie, é entender o papel da androginia como uma forma de rebeldia ou resistência. Para tanto, é necessário estabelecer um atual conceito de androginia, como um ser imagético que, seja na sua forma física ou de vestuário, foge das ideias heteronormativas. Até o presente momento, entende-se que a rebeldia / resistência dos corpos andróginos se fundamenta, em grande parte, pelo grande tabu, ainda presente em nossa sociedade, associado às discussões de gênero e sexualidade, as quais são, em grande parte abominadas por entidades e pessoas mais conservadoras.
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