CORRELAÇÃO DO RESULTADO DA PROGÊNIE EM CAMPEONATOS DE MARCHA E A IDADE DAS PROGENITORAS EM EQUINOS DA RAÇA MANGALARGA MARCHADOR

Autores

  • Iara Ferreira dos Santos Silva Discente em Medicina Veterinária - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
  • Maria Eduarda Gomes Silva Discente em Medicina Veterinária - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
  • Letícia Lorraine Vilela de Oliveira PUC Minas
  • Ricksson Felix da Conceição Discente em Medicina Veterinária - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
  • Brenda Guerrra de Almeida Discente em Medicina Veterinária - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
  • Cahuê Francisco Rosa Paz Professor Adjunto - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
  • Ana Clara Marchitello Santos Discente em Medicina Veterinária - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
  • Ysadora Alves Prado Discente em Medicina Veterinária - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
  • Paulo Sérgio Nascimento Farias Júnior Discente em Medicina Veterinária - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
  • Pedro Augusto Costa Duarte Discente em Medicina Veterinária - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Palavras-chave:

Equinos, Desempenho, Idade, Mangalarga Marchador, Progênie

Resumo

INTRODUÇÃO: A raça Mangalarga Marchador se destaca como uma das mais importantes no cenário equino brasileiro, e a reprodução é um aspecto fundamental para a perpetuação e o aprimoramento das qualidades desta raça. Compreender a influência da idade das éguas nos resultados da progênie nos campeonatos oficiais de marcha, realizados pela Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador, é crucial para criadores, selecionadores e entusiastas. É importante observar que a égua é uma das poucas espécies domésticas de grande porte que pode ser mantida até a senescência, seja como animal de companhia, de trabalho ou de reprodução. Contudo, a idade avançada pode influenciar o desempenho da prole, pois a égua apresenta alterações na função endócrina e ovariana ao longo da senescência reprodutiva (Ambruosi et al., 2009). Além disso, a produção de oócitos primários se completa antes do nascimento, e existem evidências de que a linha germinativa feminina pode sofrer alterações degenerativas com o avanço da idade (Monaghan & Metcalfe, 2019). Éguas mais jovens são geralmente mais propensas a produzir descendentes de alta qualidade (Scoggin, 2015). Estudos em ratos mostram que filhotes de indivíduos idosos têm redução da expectativa de vida e maior manifestação de patologias relacionadas ao envelhecimento (Xie et al., 2018). Embora os efeitos da idade parental na viabilidade da prole sejam bem documentados, ainda é incerto até que ponto isso afeta outras características. O objetivo deste trabalho foi verificar se há correlação entre a classificação na premiação em competições de marcha oficiais da raça Mangalarga Marchador e a idade das éguas progenitoras destes animais. MATERIAL E MÉTODOS: Foram obtidos os dados retrospectivos de animais registrados na Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador (ABCCMM), incluindo 108 equinos (machos e fêmeas) e suas progenitoras. Os dados foram coletados no site oficial da ABCCMM, primeiramente na seção de eventos do site, no link: http://ranking.abccmm.org.br/PesquisaRanking/ResultadoEventos.aspx. Este estudo retrospectivo deu ênfase às categorias: MARCHADOR IDEAL, CAMPEÃO DA RAÇA e CAMPEÃO DOS CAMPEÕES DE MARCHA, selecionando os campeões, reservados e 1° prêmios em Marcha Batida e Marcha Picada, nos anos de 2019, 2022 e 2023, organizados em Excel por um único avaliador. Após, foram obtidos dados no site da ABCCMM (http://www.abccmm.org.br/animais) sobre a idade dos indivíduos previamente selecionados, nomes das progenitoras e suas idades. A categorização em jovens e adultos seguiu o critério de Valle et al. (1999), tendo sido considerados animais a partir de 12 anos como velhos. O teste T de Student foi utilizado para comparar médias e o teste de correlação de Pearson para avaliar relações entre a classificação dos equinos nas premiações de prova de Marcha e a idade das progenitoras. RESULTADOS E DISCUSSÃO: As idades (média ±DP) das progenitoras foram analisadas em 36 animais por categoria: Marchador Ideal (7,82±4,2), Campeão da Raça (8,48±4,62) e Campeão dos Campeões de Marcha (7,73±4,65). No Marchador Ideal, a média e o desvio padrão de idades das progenitoras dos campeões foram de 8,81±5,79 anos, com 75% abaixo de 12 anos (idades variando de 4 a 20 anos). Para os reservados, a média e desvio padrão, foi de 6,94±2,75 anos, com 91,66% abaixo de 12 anos (variando de 3 a 12 anos). Na categoria Campeão da Raça, a média de idades e desvio padrão das progenitoras dos campeões foi de 7,88±4,26 anos (83,33% abaixo de 12 anos, variando de 4 a 20 anos), enquanto que para os reservados foram de 9,15±5,32 anos (também 83,33% abaixo de 12 anos, variando de 4 a 22 anos). Na categoria Campeão dos Campeões de Marcha, a média e desvio padrão de idades das progenitoras dos campeões foram de 6,72±4,94 anos (91,66% abaixo de 12 anos, variando de 3 a 22 anos). Para os reservados, a média e desvio padrão foram de 9,23±5,1 anos (66,66% abaixo de 12 anos, variando de 3 a 20 anos), e para o 1° prêmio, a média e desvio padrão foi de 7,35±3,22 anos (91,66% abaixo de 12 anos, com idades variando de 4 a 14 anos). Analisando machos e fêmeas em marcha batida e picada, a média e desvio padrão de idade das progenitoras na marcha batida foi de 7,78±4,98 anos (80% abaixo de 10 anos, com idades variando de 3 a 22 anos) e na marcha picada 8,23±4 anos (72,22% abaixo de 10 anos, com idades de 3 a 20 anos). Não foram encontradas diferenças estatísticas significativas entre as idades das progenitoras e o desempenho. No entanto, de acordo com estudos de Valle et al. (1999) e Gibbs & Davison (1992), a fertilidade na fêmea equina diminui após 15-16 anos, e a idade avançada pode impactar a saúde da prole, incluindo tamanho fetal e taxa de nascimento. Desta forma, podemos inferir que o uso de biotecnologias na reprodução, como transferência de embrião, clonagem e ICSI  (Injeção Intracitoplasmática de Espermatozóide), contribuem para que a evolução da raça Mangalarga Marchador seja alcançada em um menor período de tempo, com animais mais jovens, melhorando os resultados reprodutivos e impactando os resultados do presente trabalho, pois não foram encontrados uma quantidade expressiva de animais mais velhos em atividade reprodutiva, e sim animais mais jovens. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Este estudo representa um passo inicial importante para entender melhor como a idade das éguas pode influenciar o desempenho de seus descendentes na raça Mangalarga Marchador. Os resultados indicam que éguas progenitoras mais jovens, em geral, produzem potros com melhores desempenhos em competições, sugerindo que a idade materna desempenha um papel relevante no sucesso das futuras gerações. Ainda assim, para uma visão mais abrangente, são necessários novos estudos que considerem um número maior de animais.

Palavras-chave: equino; desempenho; idade; Mangalarga Marchador; progênie.

Keywords: equine; performance; age; Mangalarga Marchador; progeny.

 

REFERÊNCIAS

ABCCMM. Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador. Resultados de Eventos da ABCCMM. Exposição Nacional do Cavalo Mangalarga Marchador, 2019. Disponível em: http://ranking.abccmm.org.br/PesquisaRanking/ResultadoEventos.aspx. Acesso em: 06 fev. 2024.

ABCCMM. Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador. Consulta de Animais da ABCCMM. Registros, 2024. Disponível em: http://www.abccmm.org.br/animais. Acesso em: 06 fev. 2024.

AMBRUOSI, B. et al. Cytoplasmic lipid droplets and mitochondrial distribution in equine oocytes: implications on oocyte maturation, fertilization and developmental competence after ICSI. Theriogenology, v. 71, n. 7, p. 1093–1104, 2009.

GIBBS, P. G.; DAVISON, K. E. A field study on reproductive efficiency of mares maintained predominately on native pasture. Journal of Equine Veterinary Science, v. 12, n. 4, p. 219–222, 1992.

MONAGHAN, P.; METCALFE, N. B. The deteriorating soma and the indispensable germline: gamete senescence and offspring fitness. Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences, v. 286, n. 1917, p. 20192187, 2019.

SCOGGIN, C. F. Not just a number: effect of age on fertility, pregnancy and offspring vigour in thoroughbred brood-mares. Reproduction, Fertility and Development, v. 27, n. 6, p. 872–879, 2015.

VALLE, G. R. et al. Efeito da idade sobre a fertilidade de éguas inseminadas com sêmen diluído, resfriado a 14o C e transportado. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 28, n. 5, p. 1031– 1036. 1999

XIE, K. et al. Epigenetic alterations in longevity regulators, reduced life span, and exacerbated aging-related pathology in old father offspring mice. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, v. 115, n. 10, p. E2348– E2357. 2018

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Publicado

2025-07-15

Como Citar

Ferreira dos Santos Silva, I., Gomes Silva, M. E., Vilela de Oliveira, L. L., Felix da Conceição, R., Guerrra de Almeida, B., Rosa Paz, C. F., … Augusto Costa Duarte , P. (2025). CORRELAÇÃO DO RESULTADO DA PROGÊNIE EM CAMPEONATOS DE MARCHA E A IDADE DAS PROGENITORAS EM EQUINOS DA RAÇA MANGALARGA MARCHADOR. Sinapse Múltipla, 14(1), 97–100. Recuperado de https://periodicos.pucminas.br/sinapsemultipla/article/view/36025

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Seção

RESUMOS