DOENÇA DA LINHA BRANCA EM EQUINO MANGALARGA MARCHADOR: RELATO DE CASO

Autores

  • Paulo Sérgio Nascimento Farias Júnior Discente em Medicina Veterinária - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
  • Ana Clara Marchitello Santos Discente em Medicina Veterinária - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
  • Brenda Guerrra de Almeida Discente em Medicina Veterinária - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
  • Iara Ferreira dos Santos Silva Discente em Medicina Veterinária - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
  • Letícia Lorraine Vilela de Oliveira PUC Minas
  • Maria Eduarda Gomes Silva Discente em Medicina Veterinária - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
  • Pedro Augusto Costa Duarte Discente em Medicina Veterinária - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
  • Ricksson Felix da Conceição Discente em Medicina Veterinária - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
  • Ysadora Alves Prado Discente em Medicina Veterinária - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
  • Cahuê Francisco Rosa Paz Professor Adjunto - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

Palavras-chave:

Doença da linha branca, Patologias podais, Manejo ambiental em equinos

Resumo

INTRODUÇÃO: A doença da linha branca (DLB) em equinos, também conhecida como "white line disease", é uma afecção podal que acomete a junção entre a muralha casco e a sola do animal, resultando em degeneração do tecido córneo. O problema é generalizado, a etiologia e o mecanismo da doença são pouco compreendidos e o tratamento é frequentemente controverso (O'Grady & Burns, 2019). Sua importância clínica reside no impacto significativo que essa patologia pode ter na locomoção do cavalo, comprometendo seu bem-estar, desempenho esportivo e, em casos mais graves, levando à claudicação severa e à necessidade de intervenções cirúrgicas. A doença da linha branca (DLB) em equinos tem sido objeto de estudo crescente devido ao seu impacto na mobilidade e bem-estar dos animais. A separação da parede do casco, exacerbada por fatores como umidade e traumas, permite a invasão de microrganismos que degradam a queratina, resultando em lesões progressivas. A incidência de DLB parece estar em áreas com exposição a alta umidade. Afeta cavalos de todas as idades, raças, sexo e tipo (Burns & Trager 2017). Este trabalho tem como objetivo relatar um caso clínico de doença da linha branca em equino da raça Mangalarga Marchador.  MATERIAL E MÉTODOS: Um paciente equino, macho, com 8 anos de idade, da raça Mangalarga Marchador, foi atendido no Hospital Veterinário da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, campus Betim. De acordo com o proprietário, o animal apresentava claudicação severa há 3 meses, do membro pélvico direito. Após análise clínica foi observado uma resposta à dor ao pinçamento de casco, na região da pinça da muralha do membro pélvico direito. No exame radiográfico do casco, na posição lateral, observou-se uma extensa área radioluscente na região da muralha dorsal (Figura 1). Em virtude da ampla área do casco atingida, optou-se pelo desbaste da região afetada, com a remoção do tecido necrosado na área. Sendo assim, foi utilizado uma cureta de volkmann de 17 cm, para a realização de desbridamento do tecido atingido, seguido de uma higienização e colocação de solução de iodo a 10% no local atingido. Por se tratar de uma lesão crônica, e também com base no histórico informado pelo proprietário, o qual informou que foram utilizados três princípios ativos diferentes de antibiótico, optou-se uma abordagem, na qual foi realizado um desbridamento reentrante, com o objetivo de eliminar a maior área necrosada e possibilitar a plena recuperação sem o uso de antibióticos (Figura 1). Após o procedimento realizado, o paciente recebeu 5 (cinco) dias de fenilbutazona (4,4 mg/kg, IV, 1x ao dia). O cavalo foi submetido a um período de repouso, e foi reavaliado semanalmente. RESULTADOS E DISCUSSÃO: O paciente foi tratado conforme o protocolo, que incluiu o desbridamento da lesão, entretanto o mesmo não recebeu a administração de antimicrobianos. Nas primeiras 48 horas, houve uma redução significativa na temperatura do casco, com a dor e a claudicação diminuindo de grau 3 para grau 1, segundo a classificação de  (Stashak, 1994). Após 7 (sete) dias, observou-se regeneração parcial da parede do casco, com diminuição do exsudato e controle da infecção, mantendo a limpeza diária e colocação de solução de iodo a 10% no local. O cavalo permaneceu em repouso em uma baia seca, evitando umidade e sujeira. Após 15 dias, não havia sinais de inflamação e o crescimento do tecido córneo foi evidente, com retorno à mobilidade normal. A cicatrização da linha branca foi completa em 60 dias, permitindo ao cavalo retomar gradualmente suas atividades esportivas. Os resultados confirmam a eficácia do tratamento tópico e do manejo ambiental, alinhando-se a estudos anteriores sobre doenças podais em equinos (Burns & Trager, 2017). A literatura destaca que o ambiente é crucial para a recuperação, com a alta umidade contribuindo para a degeneração da parede do casco. O isolamento e a cama seca foram fundamentais para o sucesso do tratamento, evidenciando a importância do manejo profilático adequado no controle da doença da linha branca em equinos. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O presente estudo evidenciou a importância de um diagnóstico precoce e de uma intervenção clínica rápida para evitar a progressão de lesões no casco de equinos. Fatores como exposição prolongada à umidade e a falta de manutenção adequada do casco foram determinantes para o surgimento da patologia. Concluímos que o protocolo utilizado, baseado na limpeza e no desbridamento do tecido necrosado, foi eficaz na recuperação total do cavalo, que voltou às atividades normais em um período de 60 dias. A importância de práticas preventivas, como o ferrageamento regular e a gestão cuidadosa do ambiente, foi ressaltada, evitando, assim, novos episódios de infecção. Ademais o presente o protocolo, incentiva outros colegas a utilizarem os antimicrobianos de maneira estratégica e assertiva, contribuindo para a redução da resistência bacteriana a estes fármacos.

Figura 1: Exame radiográfico do casco, na posição lateral, onde observa-se uma extensa área radioluscente na região da muralha dorsal (Esquerda); Processo de desbaste em área da muralha dorsal atingida pela doença da linha branca (Centro); Procedimento de desbaste após a finalização, sendo concluída com a remoção de parte significativa da muralha dorsal do casco atingido (Direita).

Figura 1: Exame radiográfico do casco, na posição lateral, onde observa-se uma extensa área radioluscente na região da muralha dorsal (Esquerda); Processo de desbaste em área da muralha dorsal atingida pela doença da linha branca (Centro); Procedimento de desbaste após a finalização, sendo concluída com a remoção de parte significativa da muralha dorsal do casco atingido (Direita).


Palavras-chaveDoença da linha branca, Patologias podais, Manejo ambiental em equinos.

Keywords: White line disease, Hoof pathologies, Environmental management in horses.

REFERÊNCIAS:

O'GRADY, S. E.; BURNS, T. D. White line disease: A review (1998–2018). Equine Veterinary Education, v. 30, p. 2019.

BURNS, T. D.; TRAGER, L. Managing White Line Disease. The Natural Angle, Farrier Products Distribution, v. 16, n. 4, 2017.

STASHAK, T. S. Claudicação em eqüinos segundo Adams. São Paulo: Roca, 1994.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Downloads

Publicado

2025-07-15

Como Citar

Sérgio Nascimento Farias Júnior, P., Marchitello Santos, A. C., Guerrra de Almeida, B., Ferreira dos Santos Silva, I., Vilela de Oliveira, L. L., Gomes Silva, M. E., … Rosa Paz, C. F. (2025). DOENÇA DA LINHA BRANCA EM EQUINO MANGALARGA MARCHADOR: RELATO DE CASO. Sinapse Múltipla, 14(1), 131–134. Recuperado de https://periodicos.pucminas.br/sinapsemultipla/article/view/36026

Edição

Seção

RESUMOS