Feminismo comunitário:
Contribuições para a Descolonização do Feminismo
DOI:
https://doi.org/10.5752/P.1678-3425.2024v9n16p46-62Palavras-chave:
Feminismo Comunitário, Descolonização, Despatriarcalização, Território-CorpoResumo
O presente trabalho analisa a possibilidade de ação política e de construir epistemologias por meio do Feminismo Comunitário e de suas propostas de descolonização, despatriarcalização e resistência comunitária. Inicialmente, apresenta o Feminismo Decolonial que, ao enxergar a complexa interação entre as diversas categorias de opressão produzidas pelo colonialismo (raça, classe, gênero e sexualidade), rompe com a cumplicidade entre o Feminismo Hegemônico e a colonialidade. Em seguida, busca a origem do Feminismo Comunitário e avalia suas contribuições para a revisão critica das categorias de análise do paradigma feminista dominante. Inicialmmente, as feministas comunitárias analisam o encontro entre o patriarcado ancestral ou originário com o modelo patriarcal introduzido pelo colonizador e, em que medida, esse entronque patriarcal é responsável pela dupla subalternização das mulheres indígenas. A partir dessa constatação, propõem a despatriarcalização e a descolonização de suas populações e de seus territórios. Na sequência, a identidade é pensada a partir de um sentido comunitário com o fim de recuperar a categoria mulheres indígenas, a partir da interculturalidade e da descolonização da identidade, possibilitando a construção de identidades fluídas e plurais. Finalmente, o território-corpo se apresenta não apenas como uma caegoria analítica, como, também, um lugar de resistência comunitária. É necessário recuperar o corpo, para defendê-lo desse processo colonial que o estrutura como subalterno, explorado e violentado. Por fim, as propostas das feministas comunitárias não só potencializam as lutas contra o colonialismo e contra o patriarcado, como também reorganizam a comunidade ao incorporar os homens no processo de diálogo e nas lutas em defesa dos corpos e do território.
Downloads
Referências
ANZALDÚA, Gloria. La Consciencia de la Mestiza / Rumo a uma Nova Consciência. In: HOLLANDA, Heloísa Buarque de (org.). Pensamento Feminista Hoje: Conceitos fundamentais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2010, p. 323-339.
BIAGINI, Hugo E.; ROIGI, Arturo A. Diccionario del pensamiento alternativo. 1. ed. Buenos Aires: Biblos, 2008.
BALLESTRIN, Luciana M. de A. Feminismos Subalternos. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 25, n. 3, p. 1035-1054, set./dez. 2017.
CABNAL, Lorena. Acercamiento a la construcción de la propuesta de pensamiento epistémico de las mujeres indígenas feministas comunitarias de Abya Yala. In. CABNAL, Lorena. Feminismos diversos: el feminismo comunitario. ACSUR-Las Segovias, 2010.
CASTRO, Susana de. Dossiê: O que é Feminismo Decolonial. Revista Cult. 2020. Disponível em: https://revistacult.uol.com.br/home/dossie-o-que-e-o-feminismo-decolonial/. Aceso em 15 jul. 2022.
CURIEL, Ochy. Crítica poscolonial desde las prácticas políticas del feminismo antirracista. Nómadas, Universidad Central, Colombia, n. 26, p. 92-101, 2007.
CURIEL, Ochy. Construindo metodologias feministas a partir do feminismo decolonial. In: HOLLANDA, Heloísa Buarque de (Org). Pensamento Feminista Hoje: perspectivas decoloniais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020, p.120-139.
GALINDO, María. No Se Puede Descolonizar Sin Despatriarcalizar: teoría e propuesta de la despatriarcalización. Mujeres Creando, 2013.
GALINDO, Maria. La revolución feminista se llama Despatriarcalización. In: CURIEL, Ochy; GALINDO, María. Descolonización y despatriarcalización de y desde los feminismos de Abya Yala – Série Feminista Siempre. España: Agencia Catalaña de Cooperación al Desenvolupament, 2015.
LUGONES, Maria. Colonialidade e gênero. In: HOLLANDA, Heloísa Buarque de (Org). Pensamento Feminista Hoje: perspectivas decoloniais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020, p. 52-83.
LUGONES, María. Rumo a um feminismo descolonial. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 22, n. 3, 320, p. 935-952.set.-dez, 2014.
MALHEIROS, Mariana. A construção de feminismos contra-hegemônicos na Bolívia: contribuições dos movimentos Mujeres Creando e Feminismo Comunitário. InSURgência: revista de direitos e movimentos sociais, v. 9, n. 1, jan./jun. 2023. Brasília. p. 408-428.
MIÑOSO, Yuderkys Espinosa. Fazendo uma Genealogia da Experiência: O método rumo a uma crítica da colonialidade da razão feminista a partir da experiência histórica da América Latina. In: HOLLANDA, Heloísa Buarque de (org.). Pensamento Feminista Hoje: Perspectivas decoloniais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020, p. 96-120.
MOHANTY, Chandra Talpade. Bajo los Ojos de Occidente: Feminismo académico y discursos coloniales. Trad. María Vinós. In: NAVAZ, Liliana Suárez; CASTILLO, Rosalva Aída Hernández (eds.). Descolonizando el Feminismo: Teorías y prácticas desde los márgenes. Madrid: Ed. Cátedra, 2008.
OYĚWÙMÍ, Oyèronké. A invenção das mulheres: construindo um sentido africano para os discursos ocidentais de gênero. Trad. Wanderson Flor do Nascimento. Rio de Jnaeiro: Bazar do Tempo, 2021.
PAREDES, Julieta Carvajal. Despatriarcalización Una respuesta categórica del feminismo comunitario (descolonizando la vida). Bolivian Studies Journal /Revista de Estudios Bolivianos. v. 21, p. 100-115. 2015.
PAREDES, Julieta Carvajal. El feminismocomunitario: la creación de un pensamiento próprio. Corpus, v. 7, n. 1, 2017.
PAREDES, Julieta Carvajal. Descolonizar as lutas: a proposta do Feminismo Comunitário. Tradução de Tereza Spyer Dulci. Revista Epistemologias do Sul, v. 03, n. 02, p. 74 -87, 2019.
PAREDES, Julieta Carvajal. Uma ruptura epistemológica com o feminismo ocidental. In: HOLLANDA, Heloísa Buarque de (org.). Pensamento Feminista Hoje: Perspectivas decoloniais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020, p. 226-237.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do Poder, Eurocentrismo e América Latina. In: A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latinoamericanas / Edgardo Lander, organizador. 1. ed. Buenos Aires: CLACSO, Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales, 2005. p. 117-142.
SACAVINO, Susana. Tecidos feministas de Abya Yala: Feminismo Comunitário, Perspectiva Decolonial e Educação Intercultural. Uni-pluri/versidad, v. 16, n. 2, p. 97-109, 2016.
SEGATO, Rita Laura. Gênero e Colonialidade: Em busca de chaves de leitura de um vocabulário estratégico descolonial. Trad. Rose Barboza. Epistemologias Feministas: Ao encontro da crítica radical. Coimbra, n. 18, p. 106-131. 2012.
SEGATO, Rita Laura. Colonialidad y patriarcado moderno: expansión del frente estatal, modernización, y la vida de las mujeres. In. MIÑOSOS, Yuderkys Espinosa; CORREAL, Diana Gómez; MUÑOZ, Karina Ochoa. Tejiendo de otro modo: Feminismo, epistemología y apuestas descoloniales. Popayán: Editorial Universidad del Cauca, 2014.
SORIA, Ana Sofía. Qué les hacen las mujeres indígenas a las políticas feministas? Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 29, n. 3, p. 1-13. 2021.
TORRES, Catherine Moore. Feminismos del Sur, abriendo horizontes de descolonización. Los feminismos indígenas y los feminismos comunitários. Estudios Políticos (Universidad de Antioquia), n. 53, p. 237-259, 2018.
VERGÈS, Françoise. Um Feminismo Decolonial. Trad. Jamille Pinheiro Dias e Raquel Camargo. São Paulo: Ubu Editora, 2020.
WALSH, Catherine. Interculturalidad crítica/pedagogía de-colonial. In: Memorias del Seminario Internacional Diversidad, interculturalidad y construcción de ciudad. Bogotá: Universidad Pedagógica Nacional, 2007.
WALSH, Catherine. Interculturalidade e Decolonialidade do poder um pensamento e posicionamento "outro" a partir da diferença colonial. Revista Eletrônica da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). V. 5, n.1. Jan/Jul, 2019, p. 6-39.
ZAKARIA, Rafia. Contra o feminismo branco. Trad. Solaine Chioro e Thaís Britto. 1. ed. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2021.