POLÍTICA E MORALIDADE:
a concepção platônica da necessidade social do ensinamento religioso na politeia das "Leis"
DOI:
https://doi.org/10.5752/P.2177-6342.2024v15n30p952-973Palavras-chave:
Platão, Leis, Política, Religião, MoralidadeResumo
As Leis de Platão apresentam uma estrutura discursiva dupla, organizando-se, por um lado, como um código legislativo, e, por outro, como um texto de filosofia política, que busca pensar os princípios e os fundamentos da vida na cidade e da atividade legislativa. Evidentemente, este trabalho não tem a pretensão de explicitar todos os conteúdos relativos ao tipo de filosofia política proposto pelas Leis, mas objetiva evidenciar algumas coordenadas reflexivas mais decisivas na constituição do significado filosófico da obra. Mais precisamente, este artigo pretende analisar um elemento teórico específico e crucial na economia discursiva do diálogo, elemento que define, por assim dizer, o “espírito” do projeto político por ele avançado. Que elemento teórico é esse? A concepção platônica da necessidade social da religião e, por conseguinte, da função primordial atribuída por Platão à teologia e ao ensinamento religioso na fundamentação e organização da vida política concreta.
Downloads
Referências
BARKER, E. Aristotle. The Politics. Translated with an introduction, notes and appendixes. New York: Oxford University Press, 1958.
BAYCROFT, C. Les Lois. Platon. Paris: Ellipses, 2006.
BERGER, P. O dossel sagrado. Elementos para uma teoria sociológica da religião. Tradução de José Carlos Barcellos. São Paulo: Edições Paulinas, 1985.
BOBBIO, N. Prós e contras de uma ética laica. In: Elogio da serenidade e outros escritos morais. Tradução de Marco Aurélio Nogueira. 2. ed. São Paulo: Editora UNESP, 2011, p. 159-177.
BREMMER, J. N. Greek Religion. New Surveys in the Classics N. 24. Oxford: Oxford University Press, 1994.
BRISSON, L. A religião como fundamento da reflexão filosófica e como meio de ação política nas Leis de Platão. Kriterion, Belo Horizonte, v. 44, n. 107, p. 24-38, 2003.
BRISSON, L.; PRADEAU, J-F. Platon. Les Lois. 2 vols. Traduction. Paris: Flammarion, 2006 (Collection GF Philosophie).
BRISSON, L.; PRADEAU, J-F. As Leis de Platão. Tradução de Nicolás Nyimi Campanário. São Paulo: Edições Loyola, 2012.
BURY, R. G. The Theory of Education in Plato’s Laws. Revue des Études Grecques, Paris, v. 50, n. 236/237, p. 304-320, jul/set, 1937.
BURY, R. G. Plato with an English Translation. Laws. 2 vols. London: William Heinimann; New York: G. P. Putnam’s Sons, 1961 [1926] (Loeb Classical Library).
COMPAGNON, A. Os antimodernos. De Joseph de Maistre a Roland Barthes. Tradução de Laura Taddei Brandini. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.
DE MAISTRE, J. Essai sur le principe générateur des constitutions politiques et des autres institutions humaines. Lion: M. P. Rusand, 1833.
FREUND, J. Le polytheisme chez Max Weber. Archives de sciences sociales des religions, n. 61/1, p. 51-61, 1986.
FUSTEL DE COULANGES, N. D. A cidade antiga. 5. ed. Tradução de Fernando de Aguiar. São Paulo: Martins Fontes, 2004 [1981] (Coleção Paideia).
GASTALDI, S. Religion in Plato’s Laws: Traditional Cults and Astral Theology. In: GIORGINI, G.; IRRERA, E. (eds.). God, Religion and Society in Ancient Thought. Baden-Baden: Academia Verlag, 2023, p. 169-184.
GAUCHET, M. Le désenchantement du monde. Une histoire politique de la religion. Paris: Gallimard, 1985.
GOLDSCHMIDT, V. Platonisme et pensée contemporaine. Paris: Vrin, 2000 [1990].
GUTHRIE, W. K. C. Os sofistas. Tradução de João Rezende Costa. São Paulo: Paulus, 1995.
JOYAL, M.; MCDOUGALL, I.; YARDLEY, J. C. Greek and Roman Education. A sourcebook. London and New York: Routledge, 2009.
KLOSKO, G. The Development of Plato’s Political Theory. 2nd ed. Oxford: Oxford University Press, 2006.
LAKS, A. Plato’s Second Republic. An essay on the Laws. Princenton, Oxford: Princenton University Press, 2022.
MACHIAVELLI, N. The Prince. Translated with an introduction by Harvey C. Mansfield. 2nd ed. Chicago: University of Chicago Press, 1998.
MARROU, H-I. História da educação na Antiguidade. Tradução de Mário Leônidas Casanova. Campinas: Kírion, 2017.
MORROW, G. Plato’s Cretan City. A Historical Interpretation of the Laws. Princenton: Princenton University Press, 1993.
MOUZE, L. Educar o humano no homem: a obra estética e política do filósofo. In: FRONTEROTTA, F.; BRISSON, L. (orgs.). Platão: leituras. Tradução de João Carlos Nogueira. São Paulo: Edições Loyola, 2011.
OLIVEIRA, R. R. Demiurgia política: as relações entre a razão e a cidade nas Leis de Platão. São Paulo: Edições Loyola, 2011 (Coleção Filosofia).
OLIVEIRA, R. R.; SIMÕES, I. Ho theos pantôn khrêmatôn metron: a função do discurso religioso e da teologia como instrumentos de fundamentação da legislação e do êthos cívico na politeía das Leis. Hypnos, São Paulo, n. 40, p. 31-65, jan/jun, 2018.
REVERDIN, O. La religion de la cité platonicienne. Paris: E. de Boccard, 1945.
SKINNER, Q. As fundações do pensamento político moderno. Tradução de Renato Janine Ribeiro e Laura Teixeira Motta. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
STALLEY, R. An Introduction to Plato’s Laws. Oxford: Basil Blackwell, 1983.
STRAUSS, L. What is Political Philosophy? And other studies. Chicago: The University of Chicago Press, 1988.
STRAUSS, L. Direito natural e história. Tradução de Miguel Morgado. Lisboa: Edições 70, 2009.
TERRA, J. E. M. O deus dos indo-europeus. Zeus e a proto-religião dos indo-europeus. 2. edição. São Paulo: Loyola, 2001 [1999].
WEBER, M. Ciência e política. Duas vocações. Tradução de Leônidas Hegenberg e Octany Silveira da Mota. São Paulo: Editora Cultrix, 2011.
ZILLES, U. A crítica da religião na modernidade. Interações - Cultura e Comunidade, Uberlândia, v. 3, n. 4, p. 37-54, 2008.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
TERMO DE DECLARAÇÃO:
Submeto (emos) o trabalho apresentado, texto original, à avaliação da revista Sapere Aude, e concordo (amos) que os direitos autorais a ele referentes se tornem propriedade exclusiva da Editora PUC Minas, sendo vedada qualquer reprodução total ou parcial, em qualquer outra parte ou meio de divulgação impresso ou eletrônico, sem que a necessária e prévia autorização seja solicitada por escrito e obtida junto à Editora. Declaro (amos) ainda que não existe conflito de interesse entre o tema abordado e o (s) autor (es), empresas, instituições ou indivíduos.