NAQUELE TEMPO EM QUE DERRIDA ERA ESCRIBA E OS HIERÓGLIFOS MUDOS
DOI:
https://doi.org/10.5752/P.2177-6342.2024v15n30p992-1005Palavras-chave:
Derrida, Linguagem Natural, Escrita, Hieróglifos, EgitoResumo
O objetivo deste artigo é discutir o papel dos hieróglifos egípcios no pensamento de Derrida, através de uma contextualização histórica, ainda que breve. Ao historizar o desenvolvimento da compreensão do significado da escrita hieroglífica, veremos que Derrida, quando aponta o Egito, retoma a discussão do séc. XVII – XVIII com relação à linguagem natural e às interpretações místicas dos hieróglifos. Discussão essa bem exemplificada pela crítica materialista de Warburton à leitura alegórica de Kircher, o qual extrapolou as opiniões da Renascença que redescobria autores da Antiguidade como Horapolo. Devido a essa leitura, será possível também identificar o conhecimento de Derrida sobre os estudos do Egito Antigo, suficiente para que tenha sido caricaturado como um escriba, mas inferior ao nível do especialista. Em segundo momento, a escrita é posta em discussão de acordo com os duplos fármacos de Platão no Fedro, o qual instaura o logocentrismo e a valorização da fala em detrimento da escrita, considerada, até Derrida, como algo inferior e de segunda ordem.
Downloads
Referências
BENAISSA, A. Ammianus Marcellinus “Res Gestae” 17.4.17 and the Translator of the Obelisk in Rome’s “Circus Maximus”. Zeitschrift für Papyrologie und Epigraphik, v. 186, p. 114–118, 2013.
BENNINGTON, G.; DERRIDA, J. Jacques Derrida. Chicago: University of Chicago Press, 1993.
CURRAN, B. Humanists and Hieroglyphs. Em: CURRAN, B. (Ed.). The Egyptian Renaissance: The Afterlife of Ancient Egypt in Early Modern Italy. Chicago: University of Chicago Press, 2007. p. 51–63.
DERRIDA, J. Scribble (Writing-Power). Yale French Studies, n. 58, p. 117–147, 1979.
DERRIDA, J. A Farmácia de Platão. Rio de Janeiro: Iluminuras, 2005.
DERRIDA, J. Gramatologia. São Paulo: Perspectiva, 2021.
FINAS, L. Jacques Derrida: le déconstructeur. Le Monde, 14 jun. 1973.
LURBE, P. Les hiéroglyphes selon Warburton. Em: GRELL, C. (Ed.). L’Egypte imaginaire de la Renaissance à Champollion: colloque en Sorbonne. Paris: Presses de l’Université de Paris-Sorbonne, 2001. p. 49–57.
MASPERO, G. Les contes populaires de l’Égypte ancienne. Paris: E. Guilmoto, 1911.
NASCIMENTO, E. Derrida e a literatura: “Notas” de literatura e filosofia nos textos da desconstrução. Niterói: EDUFF, 2001.
PAVY-GUILBERT, É. Le mythe des hiéroglyphes au XVIIIe siècle : la langue et la crypte. 2018.
PEETERS, B. Derrida: a biography. Cambridge: Polity, 2013.
PLATÃO. Fedro. Tradução: José Cavalcante De Souza. São Paulo: Editora 34, 2016.
SINGER, T. C. Hieroglyphs, Real Characters, and the Idea of Natural Language in English Seventeenth-Century Thought. Journal of the History of Ideas, v. 50, n. 1, p. 49–70, 1989.
WINAND, J. La réception des hiéroglyphes en Occident (de l’Antiquité classique au déchiffrement). Em: POLIS, S. (Ed.). Guide des Ecritures de l’Egypte Ancienne. Guides de l’Institut Francais d’archeologie Orientale Ser. Cairo: Institut Francais d’archeologie Orientale du Caire, 2022. p. 118–123.
ZUCCARINO, G. La scrittura della sfinge. Derrida e i geroglifici. Quaderni delle Officine, v. 35, 2013.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
TERMO DE DECLARAÇÃO:
Submeto (emos) o trabalho apresentado, texto original, à avaliação da revista Sapere Aude, e concordo (amos) que os direitos autorais a ele referentes se tornem propriedade exclusiva da Editora PUC Minas, sendo vedada qualquer reprodução total ou parcial, em qualquer outra parte ou meio de divulgação impresso ou eletrônico, sem que a necessária e prévia autorização seja solicitada por escrito e obtida junto à Editora. Declaro (amos) ainda que não existe conflito de interesse entre o tema abordado e o (s) autor (es), empresas, instituições ou indivíduos.