NATUREZA E CONVENÇÃO NA LINGUAGEM:
ROUSSEAU LEITOR DO CRÁTILO DE PLATÃO
DOI:
https://doi.org/10.5752/P.2177-6342.2023v1nesp1p220-232Keywords:
Rousseau, Platão, Crátilo, linguagem, natureza, convençãoAbstract
Ao final do quarto capítulo do Ensaio sobre a origem das línguas, após oferecer um apanhado das características distintivas da linguagem originária, cujas gênese e natureza vinham de ser traçadas, Jean-Jacques Rousseau afirma que, se seu leitor considerasse todas as implicações das teses ali apresentadas, o Crátilo não pareceria tão ridículo. Duas proposições importantes subjazem a essa breve referência, quase sempre negligenciada pelos intérpretes do genebrino: (i) o diálogo platônico sobre a correção dos nomes era visto com ampla derrisão no dix-huitième e (ii) a teoria da linguagem avançada no Ensaio convidaria a um reexame dessa recepção. O objetivo do presente artigo é justamente esclarecer cada um desses pontos. Por que o Crátilo parecia disparatado aos philosophes? O que leva Rousseau a contestar essa percepção? Este percurso nos levará a confrontar a teoria rousseauniana da linguagem às concepções hegemônicas sobre o tema na idade clássica, com o intuito de precisar o estatuto e o alcance do referido resgate do texto platônico.
Downloads
References
ARISTÓTELES. Da interpretação (edição bilíngue). Trad. José Veríssimo Teixeira da Mata. São Paulo: Editora UNESP, 2013.
ARNAULD, A.; LANCELOT, C. Grammaire générale et raisonnée de Port-Royal. Paris: Bossange et Masson, 1810 (reimpressão da University of Toronto, 1967).
BARENZELLI, D. A. Acentos compasivos: piedad, imaginación y voz en la filosofía de Rousseau. In: Anais do IV Colóquio Rousseau – Rousseau: filosofia, literatura e educação, Londrina, 2009.
BARROS NETO, A. M. da R. Sobre o ‘Crátilo’ de Platão. Tese (Doutorado). Faculdade de Letras, Filosofia e Ciências Humanas, Departamento de Filosofia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011.
BEAUZÉE, N. Langue. In: DIDEROT, D.; D’ALEMBERT, J. le R. Encyclopédie ou dictionnaire raisonné des sciences, des arts et des métiers. Paris: Flammarion, 1986.
BERNARDI, B. La fabrique des concepts: Recherche sur l’invention conceptuelle chez Rousseau. Paris: Honoré Champion, 2014.
DERRIDA, J. La linguistique de Rousseau. Revue Internationale de Philosophie, Bruxelles, n. 82, 1967.
DURKHEIM, E. As regras do método sociológico. Trad. Walter Solon. São Paulo: Edipro, 2012.
JAKOBSON, R. Lengage infantil y afasia. Trad. Esther Benítez. Madrid: Editora Ayuso, 1974.
KINTZLER, C. Musique, voix, interiorité et subjectivité: Rousseau et les paradoxes de l’espace. In: DAUPHIN, C. (org.). Studies on Voltaire and the eighteenth century (Musique et langage chez Rousseau). Oxford: Voltaire Foundation, n. 8, 2004.
LOCKE, J. Ensaio sobre o entendimento humano (volume II). Trad. Eduardo Abranches de Soveral. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2008.
MARQUES, M. Introdução. In: PLATÃO. Crátilo, ou sobre a correção dos nomes (edição bilíngue). Trad. Celso de Oliveira Vieira. São Paulo: Paulus, 2014.
MATOS, F. de. A árvore do saber. In: DIDEROT, D.; D’ALEMBERT, J. le R. Enciclopédia ou Dicionário razoado das ciências, das artes e dos ofícios (volume I: Discurso preliminar e outros textos). Trad. Fúlvia Moretto e Maria das Graças de Souza. São Paulo: Editora UNESP, 2015.
MORIN, E. Science avec conscience. Paris: Fayard, 1982.
O’DEA, M. Rousseau contre Rameau: musique et nature dans les articles pour l’Encyclopédie et au-delà. In: Recherches sur Diderot et sur l’Encyclopédie, v. 17, n. 1, 1994.
PLATÃO. Crátilo, ou sobre a correção dos nomes (edição bilíngue). Trad. Celso de Oliveira Vieira. São Paulo: Paulus, 2014.
PRADO JR., B. A retórica de Rousseau e outros ensaios. Trad. Cristina Prado. São Paulo: Cosac Naify, 2008.
ROUSSEAU, J.-J. Discours sur l’économie politique. In: Oeuvres Complètes, vol. III. Paris: Gallimard (Bibliothèque de la Pléiade), 1964a.
ROUSSEAU, J.-J. Du contract social ou Essai sur la forme de la République (Première version). In: Oeuvres Complètes, vol. III. Paris: Gallimard (Bibliothèque de la Pléiade), 1964b.
ROUSSEAU, J.-J. Emile ou de l’éducation. In: Oeuvres Complètes, vol. IV. Paris: Gallimard (Bibliothèque de la Pléiade), 1969.
ROUSSEAU, J.-J. Essai sur l’origine des langues. In: Oeuvres Complètes, vol. V. Paris: Gallimard (Bibliothèque de la Pléiade), 1995.
SAUSSURE, F. de. Cours de linguistique générale. Paris: Payot, 1995.
SHAKESPEARE, W. Romeo & Juliet (Edited by G. Blakemore Evans). Cambridge: Cambridge University Press (The new Cambridge Shakespeare), 2003.
SOUZA, M. das G. de. Círculo dos conhecimentos. In: DIDEROT, D.; D’ALEMBERT, J. le R. Enciclopédia ou Dicionário razoado das ciências, das artes e dos ofícios (volume I: Discurso preliminar e outros textos). Trad. Fúlvia Moretto e Maria das Graças de Souza. São Paulo: Editora UNESP, 2015.
STAROBINSKI, J. Jean-Jacques Rousseau: a transparência e o obstáculo, seguido de sete ensaios sobre Rousseau. Trad. Maria Lúcia Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 1991.
VAXELAIRE, J.-L. Cratyle, Hermogène et Saussure au XXIe siècle. In: 4e Congrès mondial de linguistique française. Berlin, 19-23 juillet 2014, EDP Sciences. Disponível em: https://www.shs-conferences.org/articles/shsconf/pdf/2014/05/shsconf_cmlf14_01303.pdf
Acesso em: 04/03/2023.
YASOSHIMA, F. Entre o canto das paixões e os artifícios da harmonia: o pensamento musical de Rousseau contra o sistema harmônico de Rameau. Tese (Doutorado). Faculdade de Letras, Filosofia e Ciências Humanas, Departamento de Filosofia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017.
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
DECLARATION TERM:
I submit the presented work, an original text, for evaluation by the Sapere Aude journal of Philosophy and agree that its copyright will become the exclusive property of PUC Minas Publisher, prohibiting any reproduction, total or partial, in any other part or electronic/printed divulgation means before the necessary previous authorization is solicited and obtained from the Publisher. I also declare that there is no interest conflict between the aborded theme and the author, entrerprise, institution or individuals. I am not sure about this sentence and why it should be there. Do you publish any research that is subsidized by companies or that involves quantitative or qualitative interviews with participants?