A QUESTÃO DA ALIENAÇÃO HUMANA:
uma leitura a partir dos manuscritos de 1844 de Karl Marx
DOI:
https://doi.org/10.5752/P.2177-6342.2024v15n30p1020-1038Keywords:
Manuscritos econômico-filosóficos de 1844, Karl Marx, Alienação, Trabalho, CapitalismoAbstract
O objetivo deste artigo consiste em elucidar a questão da alienação humana sob uma perspectiva filosófica marxiana. Nesse sentido, a quaestio rationalis que norteou a presente pesquisa se erige no horizonte da crítica filosófica presente nos Manuscritos econômico-filosóficos de 1844 de Karl Marx. O método adotado nesta investigação é o da revisão bibliográfica. As considerações delineadas situam-se na perspectiva de que a categoria da alienação desvela a dimensão de separação do ser humano de si mesmo, negando-lhe, portanto, sua própria humanidade e subjugando-o à condição de objeto sob a dominação das elites socioeconômicas. Em outros termos, essa categoria do jovem Marx assinala que a classe trabalhadora é sistematicamente excluída da participação consciente tanto no processo produtivo quanto na apropriação de seus resultados. Em troca da venda de sua força de trabalho, o proletariado aufere um salário desproporcional à sua verdadeira contribuição, destinado apenas à reposição mínima de suas energias para a próxima jornada laboral. Em consequência, a classe oprimida é despojada da plena vivência de sua humanidade, culminando em um nefasto processo de desumanização.
Downloads
References
BALIBAR, Etienne. A filosofia de Marx. Trad. Lucy Magalhães. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1995.
BEDESCHI, Giuseppe. Alienación y fetichismo en el pensamiento de Marx. Madri: Alberto Corazón Editor, 1975.
CHASIN, José. Marx – Estatuto ontológico e resolução metodológica. São Paulo: Boitempo, 2009.
CODO, Wanderley. O que é alienação. São Paulo: Editora Brasiliense, 1985.
FAUSTO, Ruy. Marx: lógica e política: investigações para uma reconstituição do sentido da dialética. Tomo I. 2. ed. [S. l.:] Brasiliense, 1987.
FEUERBACH, Ludwig. A essência do cristianismo. 4. ed. Trad. José da Silva Brandão. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.
________. Teses provisórias para a reforma da filosofia. Trad. Artur Morão. Covilhã: Lusofia Press, 2008.
GUEDES, Édil. A economia como sistema da representação em Karl Marx. São Leopoldo, RS: Unisinos, 2014.
HALLAK, Mônica. Alienação do trabalho em Marx: dos Manuscritos de 1844 a O Capital. Verinotio – Revista on-line de Filosofia e Ciências Humanas, Rio das Ostras, v. 24, n. 1, p. 58-73, abr. 2018.
HEGEL, G. W. F. Fenomenologia do Espírito, I. Trad. Paulo Meneses. Petrópolis, RJ: Vozes, 1992a.
________. Fenomenologia do Espírito, II. Trad. Paulo Meneses. Petrópolis, RJ: Vozes, 1992b.
________. Phänomenologie des Geites. Werke in 20 Bänden, B. 3. Frankfurt am Main: Suhrkamp Verlag, 1970.
HEINRICH, Michael. Die Wissenschaft vom Wert: die Marxsche Kritik der politischen Ökonomie zwischen wissenschaftlicher Revolution und klassicher Tradition. 6.ed. Münster: Westälisches Dampfboot, 2014.
KORSCH, Karl. Marxismo e filosofia. Trad. José Paulo Netto. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2008.
LEFÈBVRE, Henri. O marxismo. Trad. J. Guinsburg. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1988.
LESSA, Sérgio. Trabalho e proletariado no capitalismo contemporâneo. São Paulo: Cortez. 2007.
LESSA, Sérgio; TONET, Ivo. Introdução à filosofia de Marx. 2. ed. São Paulo: Expressão Popular, 2011.
LUKÁCS, Georg. História e consciência de classe: estudos sobre a dialética marxista. 3. ed. Trad. Rodnei Nascimento. São Paulo, Editora WMF Martins Fontes, 2018. (Biblioteca do pensamento moderno).
________. Para uma ontologia do ser social, I. Trad. Nélio Schneider, Carlos Nelson Coutinho e Mario Duayer. São Paulo: Boitempo, 2012.
_______. Para uma ontologia do ser social, II. Trad. Nélio Schneider. São Paulo: Boitempo, 2013.
MÁRKUS, György. Marxismo y “antropologia”. Barcelona: Grijalbo, 1974a.
________. Teoria do conhecimento no jovem Marx. Trad. Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1974b.
MARX, Karl. Cadernos de Paris & manuscritos econômico-filosóficos de 1844. Trad. José Paulo Netto e Maria Antónia Pacheco. São Paulo: Expressão Popular, 2015.
________. Contribuição à crítica da economia política. Trad. José Arthur Giannotti e Edgar Malagodi. São Paulo: Abril Cultural, 1974 (Coleção Os pensadores).
________. Grundrisse: manuscritos econômicos de 1857-1858: esboços da crítica da economia política. Trad. Mario Duayer, Nélio Schneider, Alice Helga Werner e Rudiger Hoffman. São Paulo: Boitempo; Rio de Janeiro: UFRJ, 2011.
________. Crítica à Filosofia do Direito de Hegel. Trad. Rubens Enderle e Leonardo de Deus. São Paulo: Boitempo, 2010a.
________. Sobre a questão judaica. Trad. Nélio Schneider. São Paulo: Boitempo, 2010b.
________. To Arnold Ruge. March 13, 1843. In: Marx & Engels Collect Works: Karl Marx 1835-184. [s.l.:] Lawrence & Wishart, 2010c. Vol. 1, p. 398-400.
________. Economic and Philosophic Manuscripts of 1844. In: Marx & Engels Collect Works: Karl Marx 1835-184. [s.l.:] Lawrence & Wishart, 2010d. Vol. 3, p. 229-346.
________. Manuscritos econômico-filosóficos. Trad. Jesus Ranieri. São Paulo: Boitempo, 2021.
________. O Capital: crítica da economia política. Livro I: o processo de produção do capital. Trad. Rubens Enderle. São Paulo: Boitempo, 2013.
________. O Capital: crítica da economia política. Livro II: o processo de circulação do capital. Trad. Rubens Enderle. São Paulo: Boitempo, 2014.
________. O Capital: crítica da economia política. Livro III: o processo global da produção capitalista. Trad. Rubens Enderle. São Paulo: Boitempo, 2017.
________. Ökonomisch-philosophische Manuskripte aus dem Jahre 1844. In: MEGA I/3. Berlin: Marx-Engels-Verlag, 1932. p. 29-172.
MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A ideologia alemã: crítica da mais recente filosofia alemã em seus representantes Feuerbach, B. Bauer e Stirner, e do socialismo alemão em seus diferentes profetas. Trad. Luciano Cavini Martorano, Nélio Schneider e Rubens Enderle. São Paulo: Boitempo, 2007.
________. Manifesto comunista. Trad. Álvaro Pina e Ivana Jinkings. São Paulo: Boitempo, 2010.
MÉSZÁROS, István. A teoria da alienação em Marx. Trad. Nélio Schneider. São Paulo: Boitempo, 2016.
________. Estrutura social e formas de consciência, II: a dialética da estrutura e da história. São Paulo: Boitempo, 2011. Cap.: Transformações materiais e formas ideológicas, p. 105-176.
MENESES, Paulo. Entfremdung e Entäusserung. Síntese – Revista de Filosofia, v. 29, n. 89, p. 307-319, 2000.
MUSTO, Marcello. Rivisitando la concezione dell’alienazione in Marx. In: AGRIMI, Mario. Studi filosofici XXXIII. Napoli: Bibliopolis, 2010. p. 107-128.
NETTO, José Paulo. Introdução ao estudo do método de Marx. São Paulo: Expressão Popular, 2011.
¬¬________. Capitalismo e reificação. São Paulo: Ciências Humanas, 1981.
POSTONE, Moishe. Tempo, trabalho e dominação social. Trad. Paulo Cezar Castanheira e Amilton Reis. São Paulo: Boitempo, 2014.
RANIERI, Jesus José. Alienação e estranhamento em Marx: dos Manuscritos econômico-filosóficos de 1844 à Ideologia alemã. Tese de doutorado. Universidade Estadual de Campinas, Departamento de Sociologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Campinas, SP, 2000.
SÈVE, Lucien. Análises marxistas da alienação. Trad. Madalena Cunha Matos. Lisboa: Edições Mandacaru, 1975.
VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Planejamento: plano de ensino-aprendizagem e projeto educativo – elementos metodológicos para elaboração e realização. São Paulo: Libertad, 1995. (Cadernos Pedagógicos do Libertad; v. 1).
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
DECLARATION TERM:
I submit the presented work, an original text, for evaluation by the Sapere Aude journal of Philosophy and agree that its copyright will become the exclusive property of PUC Minas Publisher, prohibiting any reproduction, total or partial, in any other part or electronic/printed divulgation means before the necessary previous authorization is solicited and obtained from the Publisher. I also declare that there is no interest conflict between the aborded theme and the author, entrerprise, institution or individuals. I am not sure about this sentence and why it should be there. Do you publish any research that is subsidized by companies or that involves quantitative or qualitative interviews with participants?