VICO, A MEDICINA HIPOCRÁTICA E O MECANICISMO CARTESIANO
DOI:
https://doi.org/10.5752/P.2177-6342.2025v2n2p47-65Keywords:
Vico, medicina hipocrática, cartesianismo, mecanicismoAbstract
Em algumas de suas obras, como é o caso do De nostri temporis studiorum ratione, Vico enfatiza a necessidade de se resgatar, em âmbito moderno, alguns preceitos da medicina hipocrática e faz duras críticas à “medicina cartesiana” praticada em sua época. Como entender o resgate que Vico propõe da medicina hipocrática em contexto moderno?Para responder a essa questão, dividiremos nossa exposição em três momentos. Inicialmente, apresentaremos em linhas gerais em que sentido a relação entre natureza e história pode ser vista na obra do pensador napolitano, uma vez que a interpretação historicista que se faz de Vico parece dar pouca margem para suas considerações sobre as investigações no campo da ciência natural. Em seguida, abordaremos o caso da medicina, que nos parece fecundo para indicar alguns aspectos importantes da posição de Vico em face do mecanicismo cartesiano. Por fim, indicaremos em que sentido Vico faz a defesa da medicina hipocrática. Mostraremos, assim, que, para Vico, a medicina dos antigos parece ter contribuído decisivamente para temas fecundos ao construir uma tópica que destaca a prevenção, o que permite compreender não apenas o sentido de sua crítica ao mecanicismo cartesiano, mas igualmente levanta questões importantes para o nosso tempo.
Downloads
References
BACON, F. Progresso do conhecimento. Tradução de Raul Fiker. São Paulo: Editora Unesp, 2007.
BADALONI, N. Introduzione a Vico. Bari: Laterza, 1988.
BITBOL-HESPÉRIÈS, A. Descartes face à la mélancolie de la princesse Elisabeth. In: BITBOL-HESPÉRIÈS, A. Une philosophie dans l’histoire. Hommages à Raymond Klibansky, édité par Bjarne Melkevik et Jean-Marc Narbonne. Québec: Les presses de l’université Laval, 2000, p. 229-250.
CROCE, B. La filosofia di Giambattista Vico. Napoli: Laterza, 1911.
DAMIANI, A. M. Humanismo civil y Hermenéutica filosófica. Gadamer lector de Vico. Cuadernos sobre Vico, n. 15-16, Sevilla, 2003, p. 31-47.
DESCARTES, R. Correspondence avec Elizabeth e autres lettres. Paris: Flamarion, 1989.
DESCARTES, R. Discurso do Método/As paixões da alma/Meditações. São Paulo: Abril Cultural , 1999. (Coleção Os Pensadores).
DESCARTES, R. O Homem. Apresentação, apêndices, tradução e notas de César Augusto Battisti, Marisa Carneiro de Oliveira Franco Donatelli. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2009.
DESCARTES, R. Les Principes de la philosophie. In: DESCARTES, R. Oeuvres. Edição organizada por Charles Adam e Paul Tannery. Paris: Vrin, 1996.
DONATELLI, M. C. O. F. Descartes e os médicos. Revista Scientia e Studia, São Paulo, USP, v. 1, n. 3, p. 323-336, 2003.
FISH, M. H. Vico tra Cartesio e Peirce. In: Leggere Vico. Napoli: CNR, 1982, p. 67-90.
GADAMER, H. G. Verdade e Método. Petrópolis: Vozes, 1999.
GALENO, C. Sobre Las Facultades Naturales. Las Facultades Del Alma Siguen Los Temperamentos Del Cuerpo. Tradução de Gras, Z. J. Madrid: Editorial Gredos, 2018.
HATFIELD, G. A fisiologia de Descartes e a relação desta com sua psicologia. In: COTTINGHAM, John (org.) Descartes. Tradução de Andre Oídes. Aparecida, SP: Idéias e Letras, 2009.
HIPÓCRATES. Ares, águas e lugares. In: CAIRUS, H. F.; RIBEIRO Jr., W. A. Textos hipocráticos. O doente, o médico e a doença. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2005, p. 91- 129.
HIPÓCRATES. Conhecer, cuidar, amar: o juramento e outros textos. Apresentado e anotado por Jean Salem. São Paulo: Landy, 2002.
JAEGER, W. Paidéia: a formação do homem grego. 5. ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2010.
LILLA, M. Giambattista Vico - The malking of an anti-modern. Cambridge-London: Harvard University Press, 1994.
LOMONACO, F. La Vita di Vico “istorico” e filosofo. Educação e Filosofia, Uberlândia, v. 28, n. especial, 2025, p. 21-40.
MARX, K. O Capital - Crítica da Economia Política, v. I. Tradução de Regis Barbosa e Flávio R. Kothe. São Paulo: Nova Cultural, 1996. (Coleção Os Economistas).
VICO. G. A Ciência Nova. Tradução de Jorge Vaz de Carvalho. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenbenkian, 2005.
VICO, G. De antiquíssima italorum sapentia. Edição bilíngue. Latim-italiano. Tradução de Sanna. M. Roma:Edizione distoria e literattura, 2007.
VICO. G. Opere. A cura di Andea Battistini. Milano: Arnoldo Mondadori, 1992.
VICO, G. Opere filosofiche. Edição organizada por Paolo Cristofolini. Florença: Sanzoni Editore, 1971.
PEREIRA FILHO, A. J. O discurso e o método: Vico leitor de Descartes e a autobiografia. In: GUIDO. H (org.). Embates da razão: mito e filosofia na obra de Giambattista Vico. Uberlândia: EDUFU, 2012, v.1, p. 179-202.
PEREIRA FILHO, A. J. A Unidade do Saber e os Prejuízos da Infância: Notas sobre o Método e a Pedagogia em Vico e Descartes. Cadernos de ética e filosofia política. São Paulo, USP, v. 1 n. 36, 2020.
PEREIRA FILHO, A. J. Natureza e História: notas sobre a crítica à noção abstrata de natureza humana em Marx e Vico. Cadernos Espinosanos, São Paulo, USP, 1(30), 2014.
PIOVANI, P. Vico e la filosofia senza natura. In: PIOVANI, P. Campanella e Vico. Roma: Accadem iNazionale dei Lincei, 1969, p. 247-268.
ROSSI, P. Naufrágios sem espectador – a ideia de progresso. São Paulo: Ed. Unesp, 1999.
ROSSI, P. Os sinais do tempo. História da Terra e história das nações de Hooke a Vico. Tradução de Juliana Mainardi. São Paulo. Cia das Letras, 1992.
SILVA NETO, S. de A. e. Atomismo e metafísica. Notas sobre o cartesianismo na Nápoles de Vico. Educação e Filosofia, 29, p. 147-167, 2016.
VAN DER EIJIK, P. Os conceitos de saúde mental da medicina e na filosofia gregas dos séculos V e IV a.C. In: A saúde dos antigos. Reflexões gregas e Romanas. São Paulo: Loyola, 2009.
TEIXEIRA, L. Ensaio sobre a moral de Descartes. 2. ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 1990.
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
DECLARATION TERM:
I submit the presented work, an original text, for evaluation by the Sapere Aude journal of Philosophy and agree that its copyright will become the exclusive property of PUC Minas Publisher, prohibiting any reproduction, total or partial, in any other part or electronic/printed divulgation means before the necessary previous authorization is solicited and obtained from the Publisher. I also declare that there is no interest conflict between the aborded theme and the author, entrerprise, institution or individuals. I am not sure about this sentence and why it should be there. Do you publish any research that is subsidized by companies or that involves quantitative or qualitative interviews with participants?