DOENÇA, SOCIEDADE E ARTIFÍCIO EM ROUSSEAU
ALGUMAS PONDERAÇÕES
DOI:
https://doi.org/10.5752/P.2177-6342.2025v2n2p168-183Parole chiave:
Rousseau, sociedade, doença, artificialidade, aparênciaAbstract
O homem histórico afastou-se da sua verdadeira natureza, e esse distanciamento é decisivo para a formação de um novo estado, no qual, ao recorrer à artificialidade, ele passa a uma convivência civil organizada e protegida, mas, sincronicamente, encontra o fracasso e a dor. O que se perde nesse movimento é, entre outros elementos, a preservação de certo vigor associado à simplicidade característica da ausência de artefatos sociais impostos à convivência comum. A partir desse prisma, Rousseau propõe uma vigorosa reflexão sobre a persistente patologia que acomete a sociedade: a constatação de que os homens estão doentes após se defrontarem com o ambiente das relações civis. A doença como expressão social manifesta as fragilidades inerentes ao elo artificial entre o indivíduo e a comunidade, resultando na exteriorização da consciência, na dependência da imagem e na perda do vínculo direto consigo. Isso acaba sendo substituído por uma relação mediada pelas convenções coletivas. Nessa direção, o objetivo deste artigo é apresentar o nexo entre sociedade e patologia em Rousseau, de modo a ressaltar a ideia segundo a qual o homem civil é, em grande medida, o resultado do artifício.
Downloads
Riferimenti bibliografici
ALLARD, Gérald. La pensée de Jean-Jacques Rousseau dans les Discours. Laval Théologique et Philosophique, v. 40, n. 2, 1984, p. 187-202.
BURCKHARDT, Jacob. A cultura do Renascimento na Itália: um ensaio. Tradução de Vera Sarmento e Fernando Corrêa. Brasília, DF: Editora UnB, 1991.
GOYARD-FABRE, Simone. Politique et philosophie dans l’œuvre de Jean-Jacques Rousseau. Paris: PUF, 2001.
GUICHET, Jean-Luc. L’homme et la nature chez Rousseau. Revue des Sciences Philosophiques et Théologiques, tome 86, 2002, p. 69-84.
LAFAYETTE, Madame de. La princesse de Clèves. Genève: Dorz; Lille: Librairie F. Giard, 1950.
LORVELLEC, Yves. Rousseau, ou l’éducation naturelle. 2006. Disponível em: http://rousseaustudies.free.fr/articleRousseaueteducation.htm. Acesso em: 7 jan. 2025.
MENEZES, Edmilson. Apêndice. Moral e vida civilizada: notas sobre a avaliação moderna de seus nexos. In: KANT, Immanuel. Começo conjectural da história humana. Tradução de Edmilson Menezes. São Paulo: Editora Unesp, 2010, p.41-131.
PHILONENKO, Alexis. Jean-Jacques Rousseau et la pensée du malheur. Le traité du mal. Paris: Librairie Philosophique J. Vrin, 1984.
ROSSET, Clément. L’Anti-nature. Paris: PUF, 2018.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Carta a Christophe de Beaumont e outros escritos sobre religião e moral. Tradução de José Oscar de Almeida Marques. São Paulo: Edição Liberdade, 2005.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discours sur l’origine de l’inégalite. In: ROUSSEAU, Jean-Jacques. Oeuvres Complètes. Paris: Gallimard, 1964b, p. 109-237. (Bibliothèque de la Pléiade).
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discours sur les sciences et les arts. In: ROUSSEAU, Jean-Jacques. Oeuvres Complètes. Paris: Gallimard, 1964a, p. 1-57. (Bibliothèque de la Pléiade).
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Júlia ou a nova Heloísa. Tradução de Fulvia Moretto. São Paulo: Hucitec; Campinas, SP: Editora Unicamp, 1994.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Lettre à Malessherbes, de 12/01/1762. In: ROUSSEAU, Jean-Jacques. Oeuvres Complètes. Paris: Deterville, 1817, p. 9-15.
SPITZ, Jean-Fabien. La liberté politique: Essai de généalogie conceptuelle. Paris: PUF, 1995.
STAROBINSKI, Jean. Le déjeuner sur l’herbe” et le pacte social. Studi Francesi, v. 167 (LVI | II), 2012, p. 209-219.
STAROBINSKI, Jean. As máscaras da civilização. Tradução de Maria Lúcia Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
STAROBINSKI, Jean. Jean-Jacques Rousseau: a transparência e o obstáculo. Tradução de Maria Lúcia Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 1991.
Downloads
Pubblicato
Come citare
Fascicolo
Sezione
Licenza
TERMO DE DECLARAÇÃO:
Submeto (emos) o trabalho apresentado, texto original, à avaliação da revista Sapere Aude, e concordo (amos) que os direitos autorais a ele referentes se tornem propriedade exclusiva da Editora PUC Minas, sendo vedada qualquer reprodução total ou parcial, em qualquer outra parte ou meio de divulgação impresso ou eletrônico, sem que a necessária e prévia autorização seja solicitada por escrito e obtida junto à Editora. Declaro (amos) ainda que não existe conflito de interesse entre o tema abordado e o (s) autor (es), empresas, instituições ou indivíduos.