LER, ESCREVER E DENUNCIAR NO SÉCULO XVIII
NOTAS SOBRE PRÁTICAS ILUSTRADAS E OS SENTIDOS DA ESCRITA NA AMÉRICA PORTUGUESA
DOI :
https://doi.org/10.5752/P.2177-6342.2025v2n2p323-342Mots-clés :
Império português, Capitania de Goiás, século XVIII, práticas ilustradas, cultura escritaRésumé
A escrita na América portuguesa foi fundamental para que, tanto nas regiões ultramarinas como em Portugal, o rei soubesse dos acontecimentos, escutasse as reclamações, denúncias, notícias do ouro arrecadado, dos indígenas e territórios conquistados. O encurtamento das distâncias acontecia, sobretudo, pelo uso do papel, da tinta e da pena. Em face disso, o presente trabalho busca analisar as práticas de escrita na América portuguesa no século XVIII. Como recorte e delimitação temporal e espacial, a Capitania de Goiás foi escolhida como ponto de partida para compreender os sentidos da escrita numa região marcada pela extração do ouro. Mais especificamente, o estudo se debruça nas denúncias e nos conflitos entre o governador D. João Manuel de Menezes e os funcionários da Fazenda Real. A metodologia utilizada se baseia na micro-história recorrendo, por conseguinte, à redução de escala, trajetória de indivíduos, estudo do contexto social e histórico. Como resultado, se observou que a escrita foi central no espaço ultramarino, constituindo-se, portanto, como ferramenta para denunciar e requerer direitos diante do monarca português.
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