A bestialidade soberana e a necessidade de vida nua
Abstract
A partir de duas dimensões complexas acerca da política contemporânea, o trabalho que aqui se propõe objetiva — através da apropriação de autores como Jacques Derrida e Giorgio Agamben — arranhar, mas com rigor, questões ético-políticas que envolvem a dimensão do poder, da soberania e da bestialidade. À vista disso, e no uso dos artigos masculino e feminino, buscar-se-á pensar o conceito de “soberania” e “bestialidade” como figuras ontoteológicas construídas ao longo do pensamento ocidental. Em outras palvras, haveria uma dupla interpretaçaõ e penetração entre o soberano e a besta, e nesta ambivalência o que a história parece nos oferecer é uma grande historia da bestialidade que alimenta o conceito de soberania no pensamento ocidental. Ora, em uma alusão clara ao SÉMINAIRE LA BÊTE ET LE SOUVERAIN, de Jacques Derrida, a análise aqui forjada busca, no devir besta e no devir soberano da besta, entender a figura do lobo-soberano como aquele que se encontra fora da lei e, ao mesmo tempo, é a lei mesma; ou seja, o que detém um poder legítimo de criá-la e suspendê-la soberanamente. Donde um diálogo com Agamben aparecer de modo importante e um pouco elucidador. Nesta análise busca-se compreender o como e o porquê da necessidade de abandono de determinados grupos, na sacralidade insacrificável de suas existências, no “a mercê de ...”. Em outras palavras, a pergunta que se segue se dá naquilo que, contemporaneamente, a filosofia política e jurídica não pode escapar: a pergunta acerca do significado da vida nua.
Downloads
References
AGAMBEN, Giorgio, Lo abierto: el hombre y el animal. Trad. Flavia Costa y Edgard Castro. Buenos Aires: Adriana Hidalgo Editora, 2007a.
______. Estâncias – a palavra e o fantasma na cultura ocidental. Tradução de Selvino José Assmann. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007b.
______. Homo Sacer: O Poder Soberano e a Vida Nua I, trad. Henrique Burigo, 2 ed., Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002.
______. O que é o contemporâneo e outros ensaios. Trad. Vinicius N. Honesko. Chapecó: Argos, 2009.
DERRIDA, Jacques. Séminaire La bête et le souverain. Volume I (2001-2002). Paris: Galilée, 2008.
______. O animal que logo sou (a seguir). Tradução de Fábio Landa. São Paulo: Editora UNESP, 2002.
______. O teatro da crueldade e o fechamento da representação. In: DERRIDA, Jacques. A escritura e a diferença. 2 ed. São Paulo: Perspectiva, 1995.
______. Estados-da-alma da psicanálise: o impossível para além da soberana crueldade. São Paulo: Escuta Editora, 2001.
______. Políticas da diferença. In: DERRIDA, Jacques. De que amanhã. Trad. André Telles. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.
DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Os Irmãos Karamázov. São Paulo: Editora 34, 2008.
DURANTAYE, Leland de la, Giorgio Agamben: a critical introduction. Stanford University Press, California, 2009.
FOUCAULT, Michel. As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
HEIDEGGER, Martin. Os conceitos fundamentais da metafísica: mundo, finitude e solidão. Rio de Janeiro, Forense Universitária, 2003.
______. Carta sobre o humanismo. Lisboa, Guimarães Editores. 1985.
______. Elementos do direito natural e político. Tradução de Fernando Couto. Porto: RÉS, 1996.
HOBBES, Thomas Leviatã. Martins Fontes, São Paulo, 2003.
______. Leviathan. Harmondsworth, Penguin, 1968.
LACAN, Jacques. O Seminário, Livro 17: o avesso da psicanálise, 1969-1970. Tradução de Ari Roitman.Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1992.
LISPECTOR, Clarice. A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
MONTAIGNE, Michel. Da crueldade. In: MONTAIGNE, Michel. Ensaios. Trad. Sérgio Milliet. São Paulo,Nova Cultural, 2000. v. 1. p. 358-370. (Os pensadores).
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
DECLARATION TERM:
I submit the presented work, an original text, for evaluation by the Sapere Aude journal of Philosophy and agree that its copyright will become the exclusive property of PUC Minas Publisher, prohibiting any reproduction, total or partial, in any other part or electronic/printed divulgation means before the necessary previous authorization is solicited and obtained from the Publisher. I also declare that there is no interest conflict between the aborded theme and the author, entrerprise, institution or individuals. I am not sure about this sentence and why it should be there. Do you publish any research that is subsidized by companies or that involves quantitative or qualitative interviews with participants?