A VISIBILIDADE CORPÓREA
Compreensão fenomenológica em Sartre e significado histórico em Fanon
DOI:
https://doi.org/10.5752/P.2177-6342.2025v16n31p240-253Palavras-chave:
fenomenologia, Fanon, Sartre, percepção social, corpoResumo
No presente artigo, interpelamos a historicidade da percepção a partir do problema da visibilidade do próprio sujeito percipiente. Abordamos o tema com base no cotejo da compreensão fenomenológica, principalmente a sartreana, acerca da reflexividade do sujeito da percepção junto às análises de Fanon sobre a experiência vivida do(a) negro(a) no regime de racismo colonialista. Segundo o entendimento fenomenológico, o corpo, em sua dimensão de agência, apaga-se em prol da atenção ao mundo no qual se insere e às atividades nele realizadas. Sartre, ademais, evidencia e discute a vulnerabilidade do corpo próprio face ao olhar de outrem. Fanon, por sua vez, descreve a experiência vivida do(a) negro(a) vinculada às suas especificidades históricas e políticas. Nossa análise evidencia que, conforme Fanon, o olhar racista implica o desabamento do esquema corporal do(a) negro(a) sob uma dupla incidência: a desordem que acarreta na recessividade do corpo e a consequente desorganização da sua ação na vida social.
Downloads
Referências
ALCOFF, Linda. Public self / lived subjectivity. In: WEISS, Gail; MURPHY, Ann; SALAMON, Gayle (Org.). 50 concepts for a critical phenomenology. Evanston: Northwestern University Press, 2020. p. 269-274.
BARBARAS, Renaud. Autrui. Paris: Éditions du Retour, 2003
CARBONE, Mauro. Philosophie-écrans: du cinéma à la révolution numérique. Paris: Vrin, 2016.
FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Tradução de Sebastião Nascimento. São Paulo: Ubu Editora, 2020.
GALLAGHER, Shaun. How the body shapes the mind. Oxford/New York: Oxford University Press, 2005.
GENNART, Michèle. Corporéité et présence: jalons pour une approche du corps dans la psychose. Argenteuil: Le Cercle Herméneutique, 2011.
GILROY, Paul. Introdução à edição inglesa de 2017. In: FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. São Paulo: Ubu Editora, 2020. p. 293-307.
KARERA, Axelle. The racial epidermal schema. In: WEISS, Gail; MURPHY, Ann; SALAMON, Gayle (Org.). 50 concepts for a critical phenomenology. Evanston: Northwestern University Press, 2020. p. 289-293.
LEDER, Drew. The absent body. Chicago / London: The University of Chicago Press, 1990.
LACAN, Jacques. Le stade du miroir comme formateur de la fonction du Je telle qu’elle nous est révélée dans l’expérience psychanalytique. In: LACAN, Jacques. Écrits I. Paris: Éditions du Seuil, 1999. p.92-99.
MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da percepção. Tradução de Carlos Alberto Ribeiro de Moura. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
MERLEAU-PONTY, Maurice. O visível e o invisível. Tradução de José Arthur Gianotti e Armando Mora d’Oliveira. São Paulo: Perspectiva, 2003.
MERLEAU-PONTY, Maurice. Le monde sensible et le monde de l’expression: cours au Collège de France, notes, 1953. Genève: Metispresses, 2011.
SALOMON, Gayle. “The place where life hides away”: Merleau-Ponty, Fanon, and the location of bodily being. Differences: a Journal of Feminist Cultural Studies, v. 17, n. 2, p. 96-112, 2006.
SARTRE, Jean-Paul. O ser e o nada: ensaio de ontologia fenomenológica. Tradução de Paulo Perdigão. Petrópolis: Vozes, 2015.
WHITNEY, Shiloh (2020). Immanence and transcendence. In: WEISS, Gail; MURPHY, Ann; SALAMON, Gayle (Org.). 50 concepts for a critical phenomenology. Evanston: Northwestern University Press, 2020. p. 189-196.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
TERMO DE DECLARAÇÃO:
Submeto (emos) o trabalho apresentado, texto original, à avaliação da revista Sapere Aude, e concordo (amos) que os direitos autorais a ele referentes se tornem propriedade exclusiva da Editora PUC Minas, sendo vedada qualquer reprodução total ou parcial, em qualquer outra parte ou meio de divulgação impresso ou eletrônico, sem que a necessária e prévia autorização seja solicitada por escrito e obtida junto à Editora. Declaro (amos) ainda que não existe conflito de interesse entre o tema abordado e o (s) autor (es), empresas, instituições ou indivíduos.