Realismo afetivo em Predadores
DOI:
https://doi.org/10.5752/P.2358-3231.n32p35-43Palavras-chave:
realismos, literatura angolana, política, narrador, ironiaResumo
Neste breve estudo, investigamos sobre a expressão do que é denominado realismo afetivo, no romance Predadores, do angolano Pepetela. Primeiramente, percebemos que ao expor as desigualdades da sociedade angolana, Predadores cria, no espaço da literatura, uma democracia literária sobre a qual teoriza Rancière, ao dar espaço as diversas histórias e a personagens de diferentes extratos sociais. Nesse cenário, entendemos que o “realismo afetivo”, teorizado por Schøllhammer (2012), se expressa numa forma de economia descritiva, ou de “redução radical do descritivo”, o que se adequa ao romance analisado. Consideramos que os efeitos sensitivos só são produzidos no romance por essa ser uma obra de verdadeira democracia literária, no sentido dado por Rancière. O encontro de um “efeito de igualdade” que se expressa como um “realismo sensitivo” acontece quando entendemos que estamos diante é um romance de caráter meta-reflexivo. Assim, o estudioso dinamarquês destaca que a reflexibilidade da arte e da literatura no século XX expressa a realidade da própria obra que volta para si mesma e a cisão que existe entre a realidade e sua representação. Não se trata mais de discutir o que é real ou realidade ou verdadeiro, mas do que pode ser experimentado como tal. É isto que o romance do escritor angolano possibilita percebê-lo como uma interface com a realidade.Downloads
Referências
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