As faces de um mundo grande e desencantado: uma visão psíquica do eu-lírico na poesia de Drummond

Resumo

Desde o eu-lírico fragmentado de Infância, passando pelas “Sete faces” da multiplicidade do sujeito, até o lacunar “Mundo Grande”, desenha-se uma visão psíquica do eu-poético encenado nos referidos poemas de Carlos Drummond de Andrade.

Por isso, a partir dessa poética, neste artigo, faz-se uma leitura da impossibilidade da realização do “ser”, que se refugia em outra ordem para vencer o mundo. Nesse sentido, não existe, para esse eu-lírico, uma sensação de “bem-estar”, pois a existência incomoda, ou seja, não há respostas e solução aos seus questionamentos existenciais. O eu-lírico, então, se entrega à necessidade do “excesso”, do vício, para lidar com a “realidade”, o que denota a anormalidade do indivíduo e a sua (in) capacidade de “sublimação”.

Portanto, no presente artigo, será feita uma leitura dos referidos poemas com vistas a perceber a multiplicidade da personalidade do sujeito poético, o qual, numa tentativa de autoanálise, supera, por meio da arte, a dor de estar no mundo. Por fim, o eu-lírico vai delinear as marcas de suas referências, ou seja, daquilo que o constituiu como sujeito.