Composições para o público infantil e a formação do leitor

análise comparativa entre a obra Sagatrissuinorana e a versão do conto Os três porquinhos proposta pelo Programa Conta pra mim

Resumo

Este artigo analisa comparativamente dois objetos: a obra Sagatrissuinorana (2021), escrita por João Luiz Guimarães e ilustrada por Nelson Cruz, e o Programa Conta pra mim ― especialmente a versão ali inscrita do conto Os três porquinhos ―,  parte da política governamental de alfabetização, promovido pela gestão federal dos anos 2019 a 2022 e em continuidade no governo que inicia sua atuação em 2023. Ambas serão consideradas quanto a seu papel na promoção da formação leitora, como elementos passíveis de análise e seleção do professor. Com relação a Sagatrissuinorana (2021), nos debruçaremos sobre a materialidade que a distingue como um reconto em que estão intrincados linguagem verbal e não verbal (a ponto de serem indissociáveis as funções de escritor e ilustrador)para o que contribuem os elementos basais: i.  o diálogo entre a trama e sua ilustração, atrelado a uma reconfiguração de um evento da realidade: os trágicos e criminosos atos das mineradoras nas cidades de Mariana e Brumadinho, localizadas no Estado de Minas Gerais; ii. a intertextualidade, também em diálogo com a ilustração, em especial com a composição tradicional Os três porquinhos e o corpus de obras de João Guimarães Rosa, a exemplo dos contos Fita Verde no Cabelo (2008), Sagarana (2001), A terceira margem do rio (2017), e o romance Grande Sertão: Veredas (2021). Com relação ao Conta pra mim, trataremos mais especificamente das ilustrações presentes na elaboração do conto tradicional Os três porquinhos, pondo em questão as estratégias de sua composição, construídas por um viés que mais cerceia que promove a formação leitora.