PERCEPÇÕES EPIFÂNICAS

Abstract

No escudo que fizemos dos concos "Amor" de Clarice Lispector e "À sexta-feira" de Luandino Vieira concluímos que a epifania das persona­gens femininas foi despertada pelo "olhar". Entretanto, parece-nos que a epifania  poderia se dar  também  pelas outras  formas de  percepção, como o olfato, o tato, o paladar, que não somente a visão. No conto "O perfume" de Mia Couto, por exemplo, a personagem Glória  tem  um momento epifânico. E o que gerou essa epifania foi o taco com os cacos do vidro de perfume. No  entanto, o próprio  conceito  de epifania  já enfatiza o sentido da visão no processo perceptivo como principal ele­mento, quando  diz que epifania é "revelação". O que se revela, revela-se aos olhos, portanto há o desprezo dos outros sentidos. Com isso, inten­tamos criar para o termo epifania um conceito  que considere o caco, o olfato, o paladar e a audição, se não no mesmo, pelo menos num pata­mar mais próximo ao da visão. Isso nos auxiliaria na ligação de todos os sentidos perceptivos aos momentos de revelação das personagens femi­ninas dos contos dos autores que citamos.