O musseque em “Quinaxixe”:
concepções de espaço e realismo no conto de Arnaldo Santos
DOI:
https://doi.org/10.5752/P.2358-3231.2023n43p202-222Palavras-chave:
musseque, realismo, espaçoResumo
O conto "Quinaxixe", escrito pelo angolano Arnaldo Santos, retrata vivamente a região pobre e periférica do Kinaxixe, um bairro periférico de Luanda, Angola. Esse espaço singular é representado na narrativa pelo escritor que recupera lembranças da sua infância, bem como no contexto sociocultural das tensas e conturbadas relações entre negros, mestiços e brancos, num período em que houve um crescimento dos musseques e uma maior migração de brancos portugueses para Angola. O leitor depara, dessa forma, com um conto que revela, em tons mais reais possíveis, um espaço marginal que se abre em variadas faces, tais como o cultural e social, tradicional e moderno, até o das estórias e brincadeiras. Tensionando, assim, compreender a representação e os desdobramentos do espaço no texto de Santos, assentamos este trabalho sobre o estudo de Tânia Pellegrini (2007) acerca do realismo, as reflexões de Luis Alberto Brandão (2013) referente ao espaço na literatura e, em complemento, as revisões espaciais de Doreen Massey (2008) e Yi-Fu Tuan (1983). A partir dessas leituras, descortinamos, no texto de Santos, um processo ativo que não se limita à singular conciliação do externo com o interno na concepção do espaço. “Quinaxixe” apresenta, para além de realidades sociais (elementos externos) refletidas, um processo de mediação no qual o conteúdo de inspiração sofre modificações para adentrar na tessitura textual (interior) e, assim, forjar o realístico espaço estético-ficcional do musseque.
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