Travessia de Rosa: do significante à letra
DOI:
https://doi.org/10.5752/P2358-3231.2016n28p109Palavras-chave:
Psicanálise. Simbólico. Real. Letra. Escritura.Resumo
O presente trabalho propõe uma análise do romance Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa, através da observação dos mecanismos linguísticos de que se vale o autor na sua construção, para apontar algumas confluências entre os discursos literário e o psicanalítico, no romance. Para isso, utilizaremos pressupostos teóricos da teoria da ironia, procurando estabelecer alguns pontos tangenciais entre a literatura rosiana, os recursos da ironia e a psicanálise. Ao escapar da formulação de conceitos definitivos, mostraremos que o autor transforma o campo literário num lugar que se quer aberto ao diálogo, ao trânsito e a múltiplas interpretações, possibilitando, ainda, a circulação do mal-entendido, pois são as mensagens aparentemente sem sentido e absurdas é que se mostram evocadoras e criadoras de significações para além dos sentidos admitidos no código da língua. De acordo com essa lógica, apontaremos na obra de Rosa outra vertente da linguagem, na qual a letra esvaziada desse compromisso de reprodução dos sentidos, já no campo da escritura, mostrase capaz da ruptura com os semblantes e aproximação com os efeitos enigmáticos do gozo na escrita.
Palavras-chave: Psicanálise. Simbólico. Real. Letra. Escritura.
Downloads
Referências
BOURGEOIS, André. A ironia romântica. In: DUARTE, Lélia Parreira (Org.). Cadernos de pesquisa do NAPq: Ironia e humor na Literatura. Tradução de Luiz Morando. Belo Horizonte: FALE/UFMG, n. 22, p. 55-82, dez. 1994.
LACAN, J. Introdução. In: LACAN, J. O Seminário, livro 18: de um discurso que não fosse semblante. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2009. p. 9-21.
LACAN, Jacques. Rumo a um significante novo. Opção lacaniana: Revista Brasileira Internacional de Psicanálise. São Paulo: Ed. Eolia, n. 22, p. 6-15, ago. 1998.
LACAN, Jacques. Lituraterra. Che Vuoi. Porto Alegre: Cooperativa Cultural Jacques Lacan, v.1, n.1, 1986, p. 17-32.
LIMA, Luciane Souza. Dois contos portugueses: nem descobrimento nem heroísmo. In: DUARTE, Lélia Parreira (Org). Cadernos CESPUC de Pesquisa: Ironia e humor na literatura portuguesa: esvaziamento e saber da escrita. Belo Horizonte: Ed. PUC Minas, n. 12, p. 66-77, Dez. 2003.
MANDIL, Ram Avraham. Para que serve a escrita? In: ALMEIDA, Maria Inês de. (Org). Para que serve a escrita? São Paulo: EDUC, 1997. p. 103-117.
MILLER, Jacques-Alain. O escrito na palavra. Opção lacaniana: Revista Brasileira Internacional de Psicanálise. São Paulo: Ed. Eolia, n. 16, p. 94-102, ago. 1996.
MILLER, Jacques-Alain. A transferência. O sujeito suposto saber. In: MILLER, Jacques-Alain. Percurso de Lacan. Tradução de Ari Roitman. 3. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor Ltda, 1992c. p. 72-89.
MILLER, Jacques-Alain. Percurso de Lacan. Tradução de Ari Roitman. 3. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor Ltda, 1992b. p. 40-54.
MILLER, Jacques-Alain. O piropo: psicanálise e linguagem. In: MILLER, Jacques-Alain. Percurso de Lacan. Tradução de Ari Roitman. 3. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor Ltda, 1992a. p 27-38.
MORAIS, Márcia Marques. A travessia dos fantasmas – Literatura e psicanálise em Grande sertão: veredas. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.
RODRIGUES, Andrea Alves. Riobaldo e o enigma do feminino em Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa. 2005.
Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Letras, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2005.
ROSA, J.G. Grande sertão: veredas, 19 ed. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2001.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
The author detains permission for reproduction of unpublished material or with reserved copyright and assumes the responsibility to answer for the reproduction rights.