Um Exílio ibérico:
Representações Luso-Espanholas na fastigimia, de Thomé Pinheiro da Veiga (1604-1605)
DOI:
https://doi.org/10.5752/P.2237-8871.2023v25n41p57-68Palavras-chave:
Exílio, Valadolide, Fastigimia, Thomé Pinheiro da VeigaResumo
O presente artigo investiga os possíveis significados da obra Fastigimia, escrita pelo letrado português Thomé Pinheiro da Veiga, entre os anos de 1604 e 1605. Prioriza-se a análise das representações relativas ao período de exílio vivenciado pelo autor na cidade espanhola de Valadolide, capital temporária da monarquia castelhana, então comandada por Filipe III. Para tanto, propomos, primeiramente, uma aproximação entre os conteúdos da Fastigimia e do Fasti, livro escrito pelo poeta latino Ovídio, ainda na Antiguidade. Em segundo lugar, nossa análise se deterá nas representações envolvendo portugueses e espanhóis presentes na obra de Veiga, perpassando as mais diversas temáticas da vida cotidiana. A partir desses procedimentos, conclui-se que o período de distanciamento do letrado de sua terra natal resultou na construção de uma narrativa híbrida que buscava interpretar o “lugar de destino” (Espanha) sempre a partir dos referenciais fornecidos pelo “lugar de origem” (Portugal). Longe de expressar uma ruptura traumática com as raízes portuguesas, na Fastigimia o autor concebeu e organizou aproximações e distanciamentos culturais entre lusitanos e espanhóis, povos integrados, naquele contexto político-social, através da União Ibérica (1580-1640).
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